GLOBO REPÓRTER – 30/05/2008
Exma. Mídia:
Assistindo a reportagem das proezas de pessoas que com sorte, saíram do nada para uma vida abastada e sabendo que são poucos no universo de pessoas existentes, me veio à mente a facilidade com que a mídia encontrou para mostrar um lado bem sucedido de uma minoria brasileira.Sabemos todos nós que a maioria vivem umas realidades diferentes, que mesmo lutando com todas as forças não conseguiram chegar lá impedidos na maior parte por injustiças e decepções sofridas. Até hoje com 47 anos de vida, nunca vi nenhum desses milhões... Receber destaque em algum canal de TV com tamanho valor ser mostrado ou reportado com tanta ênfase em um programa tradicional e famoso como o Globo Repórter, e, escrevo porque pertenço à classe desses milhões detentores de uma história diferente da mostrada com destaque em Rede Nacional em 30/05/2008. Sendo assim fica uma pergunta ainda sem resposta, porquê? Será meu mundo outro? Creio que não, pois sei que minha história, que é igual a muitas que existem e representa muito para mim, não seja de interesse das grandes reportagens ou até mesmo de opiniões defendidas por “valores” detentoras e patenteadas por grandes conglomerados de comunicação que com reportagens como a divulgada sexta-feira à noite na mídia, se abastece e ao mesmo tempo se sustenta na publicidade de incentivo do consumismo desenfreado seja o produto qual for, alimentando a ilusão e fantasia das pessoas, sendo assim catastrófico para a sociedade no despertamento da busca e cobiça... Sem precedentes daquilo que muitas vezes não se pode alcançar. Escrevo não como um desabafo, mas uma opinião de um cidadão brasileiro que como tantos outros tem uma opinião a ser defendida, mesmo assistindo, outras opiniões formadas e defendidas com unhas e dentes.
Obrigado.
A PALAVRA DE DEUS VIVA E EFICAZ MAIS PENETRANTE QUE ESPADA DE DOIS GUMES, ASSIM PODEMOS SER TOCADOS PELO ESPIRITO DE DEUS E SERMOS CONVENCIDOS DO PECADO DA JUSTICA E DO JUIZO PARA ACEITARMOS A JESUS CRISTO COMO SALVADOR QUE MORREU PELOS NOSSOS PECADOS E RESSUSCITOU NO TERCEIRO DIA TRIUNFANDO SOBRE A MORTE PARA QUE TENHAMOS VIDA ETERNA NO REINO CELESTIAL COM SUA IGREJA.
sábado, 31 de maio de 2008
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Crise bilateral em discussão
Os vice-chanceleres da Colômbia e do Equador, Camilo Reyes e José Valencia, se reuniram ontem no Panamá para encontrar uma solução definitiva à crise bilateral. A tensão começou em 1º de março, quando tropas colombianas invadiram o território equatoriano, para atacar um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e mataram o guerrilheiro Raúl Reyes. Na semana passada, os chefes militares de ambos os países também se encontraram no Panamá, para decidir sobre o reestabelecimento da “cartilha se segurança” na fronteira.
Camilo Reyes e José Valencia já tinham conversado em 29 de abril (no Panamá) e em 13 de maio (em Lima), mas a crise persiste. Segundo o governo equatoriano, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, continua a acusar os vizinhos de serem cúmplices das Farc. As conversas iniciadas ontem também terão a participação de Víctor Rico, representante pessoal do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
Folha de São Paulo McCain quer acordo nuclear com Rússia
McCain quer acordo nuclear com Rússia
DANIEL BERGAMASCO - DE NOVA YORK
O senador John McCain, virtual candidato republicano à Presidência dos EUA, se distanciou da política internacional unilateralista do presidente George W. Bush ao defender ontem em discurso que os Estados Unidos busquem "parcerias" globais para redução do arsenal de armas nucleares.
No pronunciamento em Denver, Colorado, McCain defendeu especialmente a negociação com a Rússia para redução de armas nucleares e também citou a abertura de diálogo com a China sobre o tema.
"A Rússia e os Estados Unidos não são mais inimigos mortais. Como nossos dois países possuem a esmagadora maioria de armas nucleares do mundo, nós temos uma responsabilidade especial de reduzir esse número", declarou, em uma clara ruptura com pronunciamentos anteriores em que foi muito mais duro com o antigo rival dos anos de Guerra Fria.
Em outro momento, o senador afirmou que os EUA devem ser "um modelo para os outros". "Isso significa não apenas perseguir nossos próprios interesses, mas reconhecer que compartilhamos interesses com povos ao redor do planeta", disse McCain, para quem a abertura diplomática se baseia no "grande e permanente poder da América de liderar".
Diferente de Bush
O pronunciamento de ontem foi o segundo no qual o senador do Arizona enfatizou sua visão sobre diálogo multilateral distinta da de Bush -que apóia sua candidatura e participou à noite de evento para levantar fundos para a campanha.
Na primeira vez em que pontuou diferenças, há algumas semanas, o candidato declarou que, como presidente, estaria disposto a fazer concessões para combater o aquecimento global. Bush, por sua vez, é pouco flexível sobre o tema, tendo retirado o país do Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Já na política internacional sobre armas, Bush rompeu em 2002 o Tratado Antimísseis Balísticos (TAB), criado em 1972, no qual países concordavam em não construir sistemas de defesa antimísseis.
"O que McCain disse no discurso sobre armas nucleares soa muito mais próximo da política do [ex-presidente Richard] Nixon e de George Bush pai, que defendiam que os EUA deveriam ser um modelo e, assim, liderar o mundo. É um retorno à maneira de liderar do Partido Republicano", disse à Folha Matthew Bunn, especialista em política internacional e proliferação nuclear da Universidade Harvard.
"Já Bush filho não se importa em dar exemplo a ninguém e adotou uma política que o distancia do resto do mundo, como você pode ver por Guantánamo", afirmou, citando a prisão em base militar que os EUA mantêm em Cuba para suspeitos de terrorismo e onde prisioneiros denunciaram a prática de tortura.
Protesto
No salão da Universidade de Denver onde McCain fez o discurso, o candidato foi interrompido algumas vezes por manifestantes contra a Guerra do Iraque, cuja continuidade é apoiada pelo candidato. Em resposta, McCain repetiu: "Eu nunca me renderei no Iraque".
McCain ainda citou a Coréia do Norte e o Irã, com os quais "é preciso ser mais rígido" na verificação de armas nucleares, e voltou a refutar a proposta do rival democrata Barack Obama de dialogar com países "hostis".
Folha de São Paulo Documento bilateral teve três revisões
DA REDAÇÃO
No seu discurso de ontem, McCain afirmou que apóia um novo acordo de redução de armas com a Rússia para substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês), que expira em 2009. O governo Bush tem se recusado a aceitar novos limites obrigatórios de redução dessas armas.
O Start, de 1991, visou a a redução do arsenal atômico das duas potências. Firmado meses antes do fim da União Soviética, foi visto como um pacto para encerrar a Guerra Fria.
O texto obrigava os dois lados a reduzirem em 35% seu estoque de armas nucleares de longo alcance, avaliado em 10 mil ogivas cada, em sete anos -a meta foi alcançada. O Start-2, que entrou em vigor em 1996, e o Start-3, de 1997, pretendem reduzir o estoque de ogivas para 2.000 de cada lado até 2012.
Segundo especialistas, os EUA dispõem hoje de pelo menos 5.300 ogivas operacionais e 5.000 em reserva. A Rússia teria 4.700 armas nucleares operacionais.
O Globo FAB muda 15% das rotas de helicópteros no Rio
Tiros contra aeronaves e aumento do tráfego aéreo são as causas; Aeronática estuda ainda outras alterações
Antônio Werneck, Fábio Vasconcellos e Taís Mendes
No ano passado, a Aeronáutica implantou no Rio novos corredores de circulação de helicópteros e alterou o desenho de algumas rotas, levando em conta a insegurança de pilotos e passageiros e também o aumento do volume de tráfico aéreo na Região Metropolitana. A informação foi revelada em nota pelo comando da Força Aérea Brasileira (FAB), admitindo que as alterações atingiram cerca de 15% do traçado, com o estabelecimento de novas altitudes, rumos e até novas rotas.
Ainda segundo a FAB, novas mudanças podem acontecer no espaço aéreo do Rio este ano. O assunto será discutido na reunião que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizará nos próximos meses, em data a ser definida. Na pauta de discussões, os "problemas relacionados com o movimento de aeronaves na região do Rio de Janeiro, a exemplo do que já aconteceu em São Paulo, em fevereiro deste ano", diz a nota. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou ontem a existência de registros na Gerência Regional (Ger 3) - como noticiou ontem O GLOBO - de helicópteros atingidos por balas quando sobrevoavam morros do subúrbio do Rio, em 2007.
Helicóptero foi atingido por bala na sexta-feira passada
Apesar das mudanças, um novo caso aconteceu na última sexta-feira: um helicóptero modelo esquilo AS 350 B, fabricado em 1986, foi atingido por uma bala de fuzil no tanque de combustível quando seguia, com seis pessoas, do Rio para Ibitipoca, em Minas Gerais. O incidente aconteceu por volta das 9h30m, na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, na Penha, a cerca de 500 pés de altitude (cerca de 160 metros a partir do ponto mais alto). A bala perfurou a fuselagem, atingiu o tanque de combustível e se alojou no banco a cerca de três centímetros de um dos passageiros.
Logo que percebeu que o aparelho havia sido atingido, o piloto entrou em contato com a torre de controle do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, e foi autorizado a fazer um pouso de emergência. No helicóptero, além do piloto, não identificado, estavam o empresário Arthur Bahia; a mulher, a artista plástica Mucki Skowronski; o casal de empresários mineiros Renato e Cristina Machado; e a arquiteta Márcia Müller. Ninguém ficou ferido. A Polícia Civil abriu ontem à tarde inquérito para investigar o caso.
Governador recebeu e-mail da artista plástica
O governador Sérgio Cabral assegurou que vai continuar a enfrentar os criminosos, lembrando que os moradores do Complexo do Alemão também sofrem com a violência.
- Até conheço pessoalmente as pessoas que estavam no helicóptero e fiquei muito sentido. Imagino o pavor. Nosso objetivo é dar tranqüilidade à população, seja para quem anda de helicóptero, para quem anda a pé ou para quem mora nessas comunidades, os que mais sofrem. Recebi um e-mail da Mucki (referindo-se a artista plástica Mucki Skowronski, uma das passageiras) e ontem mesmo respondi. São meus amigos. Disse que sentia muito e que imaginava o terror que sentiram - afirmou o governador Sérgio Cabral.
Os vice-chanceleres da Colômbia e do Equador, Camilo Reyes e José Valencia, se reuniram ontem no Panamá para encontrar uma solução definitiva à crise bilateral. A tensão começou em 1º de março, quando tropas colombianas invadiram o território equatoriano, para atacar um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e mataram o guerrilheiro Raúl Reyes. Na semana passada, os chefes militares de ambos os países também se encontraram no Panamá, para decidir sobre o reestabelecimento da “cartilha se segurança” na fronteira.
Camilo Reyes e José Valencia já tinham conversado em 29 de abril (no Panamá) e em 13 de maio (em Lima), mas a crise persiste. Segundo o governo equatoriano, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, continua a acusar os vizinhos de serem cúmplices das Farc. As conversas iniciadas ontem também terão a participação de Víctor Rico, representante pessoal do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
Folha de São Paulo McCain quer acordo nuclear com Rússia
McCain quer acordo nuclear com Rússia
DANIEL BERGAMASCO - DE NOVA YORK
O senador John McCain, virtual candidato republicano à Presidência dos EUA, se distanciou da política internacional unilateralista do presidente George W. Bush ao defender ontem em discurso que os Estados Unidos busquem "parcerias" globais para redução do arsenal de armas nucleares.
No pronunciamento em Denver, Colorado, McCain defendeu especialmente a negociação com a Rússia para redução de armas nucleares e também citou a abertura de diálogo com a China sobre o tema.
"A Rússia e os Estados Unidos não são mais inimigos mortais. Como nossos dois países possuem a esmagadora maioria de armas nucleares do mundo, nós temos uma responsabilidade especial de reduzir esse número", declarou, em uma clara ruptura com pronunciamentos anteriores em que foi muito mais duro com o antigo rival dos anos de Guerra Fria.
Em outro momento, o senador afirmou que os EUA devem ser "um modelo para os outros". "Isso significa não apenas perseguir nossos próprios interesses, mas reconhecer que compartilhamos interesses com povos ao redor do planeta", disse McCain, para quem a abertura diplomática se baseia no "grande e permanente poder da América de liderar".
Diferente de Bush
O pronunciamento de ontem foi o segundo no qual o senador do Arizona enfatizou sua visão sobre diálogo multilateral distinta da de Bush -que apóia sua candidatura e participou à noite de evento para levantar fundos para a campanha.
Na primeira vez em que pontuou diferenças, há algumas semanas, o candidato declarou que, como presidente, estaria disposto a fazer concessões para combater o aquecimento global. Bush, por sua vez, é pouco flexível sobre o tema, tendo retirado o país do Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Já na política internacional sobre armas, Bush rompeu em 2002 o Tratado Antimísseis Balísticos (TAB), criado em 1972, no qual países concordavam em não construir sistemas de defesa antimísseis.
"O que McCain disse no discurso sobre armas nucleares soa muito mais próximo da política do [ex-presidente Richard] Nixon e de George Bush pai, que defendiam que os EUA deveriam ser um modelo e, assim, liderar o mundo. É um retorno à maneira de liderar do Partido Republicano", disse à Folha Matthew Bunn, especialista em política internacional e proliferação nuclear da Universidade Harvard.
"Já Bush filho não se importa em dar exemplo a ninguém e adotou uma política que o distancia do resto do mundo, como você pode ver por Guantánamo", afirmou, citando a prisão em base militar que os EUA mantêm em Cuba para suspeitos de terrorismo e onde prisioneiros denunciaram a prática de tortura.
Protesto
No salão da Universidade de Denver onde McCain fez o discurso, o candidato foi interrompido algumas vezes por manifestantes contra a Guerra do Iraque, cuja continuidade é apoiada pelo candidato. Em resposta, McCain repetiu: "Eu nunca me renderei no Iraque".
McCain ainda citou a Coréia do Norte e o Irã, com os quais "é preciso ser mais rígido" na verificação de armas nucleares, e voltou a refutar a proposta do rival democrata Barack Obama de dialogar com países "hostis".
Folha de São Paulo Documento bilateral teve três revisões
DA REDAÇÃO
No seu discurso de ontem, McCain afirmou que apóia um novo acordo de redução de armas com a Rússia para substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês), que expira em 2009. O governo Bush tem se recusado a aceitar novos limites obrigatórios de redução dessas armas.
O Start, de 1991, visou a a redução do arsenal atômico das duas potências. Firmado meses antes do fim da União Soviética, foi visto como um pacto para encerrar a Guerra Fria.
O texto obrigava os dois lados a reduzirem em 35% seu estoque de armas nucleares de longo alcance, avaliado em 10 mil ogivas cada, em sete anos -a meta foi alcançada. O Start-2, que entrou em vigor em 1996, e o Start-3, de 1997, pretendem reduzir o estoque de ogivas para 2.000 de cada lado até 2012.
Segundo especialistas, os EUA dispõem hoje de pelo menos 5.300 ogivas operacionais e 5.000 em reserva. A Rússia teria 4.700 armas nucleares operacionais.
O Globo FAB muda 15% das rotas de helicópteros no Rio
Tiros contra aeronaves e aumento do tráfego aéreo são as causas; Aeronática estuda ainda outras alterações
Antônio Werneck, Fábio Vasconcellos e Taís Mendes
No ano passado, a Aeronáutica implantou no Rio novos corredores de circulação de helicópteros e alterou o desenho de algumas rotas, levando em conta a insegurança de pilotos e passageiros e também o aumento do volume de tráfico aéreo na Região Metropolitana. A informação foi revelada em nota pelo comando da Força Aérea Brasileira (FAB), admitindo que as alterações atingiram cerca de 15% do traçado, com o estabelecimento de novas altitudes, rumos e até novas rotas.
Ainda segundo a FAB, novas mudanças podem acontecer no espaço aéreo do Rio este ano. O assunto será discutido na reunião que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizará nos próximos meses, em data a ser definida. Na pauta de discussões, os "problemas relacionados com o movimento de aeronaves na região do Rio de Janeiro, a exemplo do que já aconteceu em São Paulo, em fevereiro deste ano", diz a nota. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou ontem a existência de registros na Gerência Regional (Ger 3) - como noticiou ontem O GLOBO - de helicópteros atingidos por balas quando sobrevoavam morros do subúrbio do Rio, em 2007.
Helicóptero foi atingido por bala na sexta-feira passada
Apesar das mudanças, um novo caso aconteceu na última sexta-feira: um helicóptero modelo esquilo AS 350 B, fabricado em 1986, foi atingido por uma bala de fuzil no tanque de combustível quando seguia, com seis pessoas, do Rio para Ibitipoca, em Minas Gerais. O incidente aconteceu por volta das 9h30m, na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, na Penha, a cerca de 500 pés de altitude (cerca de 160 metros a partir do ponto mais alto). A bala perfurou a fuselagem, atingiu o tanque de combustível e se alojou no banco a cerca de três centímetros de um dos passageiros.
Logo que percebeu que o aparelho havia sido atingido, o piloto entrou em contato com a torre de controle do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, e foi autorizado a fazer um pouso de emergência. No helicóptero, além do piloto, não identificado, estavam o empresário Arthur Bahia; a mulher, a artista plástica Mucki Skowronski; o casal de empresários mineiros Renato e Cristina Machado; e a arquiteta Márcia Müller. Ninguém ficou ferido. A Polícia Civil abriu ontem à tarde inquérito para investigar o caso.
Governador recebeu e-mail da artista plástica
O governador Sérgio Cabral assegurou que vai continuar a enfrentar os criminosos, lembrando que os moradores do Complexo do Alemão também sofrem com a violência.
- Até conheço pessoalmente as pessoas que estavam no helicóptero e fiquei muito sentido. Imagino o pavor. Nosso objetivo é dar tranqüilidade à população, seja para quem anda de helicóptero, para quem anda a pé ou para quem mora nessas comunidades, os que mais sofrem. Recebi um e-mail da Mucki (referindo-se a artista plástica Mucki Skowronski, uma das passageiras) e ontem mesmo respondi. São meus amigos. Disse que sentia muito e que imaginava o terror que sentiram - afirmou o governador Sérgio Cabral.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Correio Braziliense MEIO AMBIENTE
Greenpeace realiza protesto
Ativistas do Greenpeace realizaram um protesto ontem para cobrar do governo brasileiro maior apoio à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Uma baleia inflável de 15 metros de comprimento foi colocada em frente ao Palácio do Planalto. A ação marcou a entrega de uma petição com mais de 12 mil assinaturas a um representante da Presidência da República. Em 1999, o governo brasileiro propôs a criação do santuário, mas a idéia não saiu do papel.
Correio Braziliense MEIO AMBIENTE
Com a Amazônia, não tem negócio
Lula manda um duro recado aos estrangeiros interessados em fatiar ou controlar a região. Alerta que é necessário combater o desmatamento, mas destaca a importância do desenvolvimento do Norte do país
Ricardo Miranda e Leonel Rocha
Rio e Brasília — Na véspera de dar posse ao novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que assume o cargo hoje no lugar de Marina Silva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem o mais duro recado aos chefes de Estado, estudiosos e ambientalistas que defendem uma gestão compartilhada das florestas tropicais do planeta: “O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono”, afirmou. “O dono da Amazônia é o povo brasileiro, são os índios, os seringueiros, os pescadores. E nós, que somos brasileiros, temos consciência de que é preciso diminuir o desmatamento, as queimadas, mas também temos a consciência de que é preciso desenvolver a Amazônia”, disse Lula, muito aplaudido, ao discursar na abertura 20º Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Centro do Rio.
No evento com a presença de cientistas e diplomatas de vários países — entre eles os professores Edmund Phelps, Prêmio Nobel de economia de 2006, e Albert Fishlow, da Universidade de Columbia, além do jornalista Roger Cohen, colunista do New York Times — Lula afirmou que não permitirá a segregação das 25 milhões de pessoas dos nove estados amazônicos. Segundo o presidente, essa população não pode ser impedida de aproveitar o desenvolvimento econômico que beneficia o restante do país. “É muito engraçado que os países responsáveis por 70% da poluição do planeta agora fiquem de olho na Amazônia como se fosse apenas nossa a responsabilidade pelo que eles mesmos não fizeram todo o século passado”, afirmou o presidente.
Diante do embaixador do Japão no Brasil, Ken Shimanouchi, Lula disse o “o protocolo de Kyoto já faliu”, e criticou países que nunca referendaram esse acordo internacional para reduzir as emissões de gases poluentes. Lula não citou diretamente os Estados Unidos, país que se recusou a assinar o protocolo. O presidente acusou os países desenvolvidos de terem “preconceitos arraigados” e de montarem “lobbies fortíssimos” contra os biocombustíveis. “O Brasil não se assusta com campanhas orquestradas”, garantiu Lula. Ele também informou que viajará na próxima semana para Roma onde participará da conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O tema principal será a polêmica entre produção de alimentos e de bioenergia.
O presidente lamentou a política protecionista dos Estados Unidos e da Europa contra produtos brasileiros, verdadeira responsável, segundo ele, pelo aumento global do preço dos alimentos — e não a nova matriz energética renovável. Segundo assessores, Lula está particularmente irritado com reportagem do New York Times, publicada na semana passada, em que o periódico pergunta: “De quem é esta floresta amazônica, afinal?”. No texto, o jornal diz que “um coro de líderes internacionais está declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território”.
Etanol
Também recentemente, o economista americano Paul Krugmann, em um artigo no mesmo NYT, chamou o etanol de “demônio” e listou o combustível como uma das causas da alta dos preços dos alimentos. “Não é correto afirmar que vamos prejudicar o cultivo dos alimentos. O etanol pode diminuir a crise energética e a poluição. O mundo pode e deve assinar um pacto global pelo uso de fontes alternativas de energia”, defendeu o presidente.
A pedido do novo ministro Carlos Minc, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidiu suspender a divulgação que faria ontem, em São José dos Campos (SP), das análises do sistema de alerta do desmatamento Deter para o mês de abril de 2008. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a divulgação foi suspensa até que seja acertado com o novo ministro do Meio Ambiente um novo esquema de apresentação dos dados sobre desmatamento.
A mudança na divulgação evitaria um constrangimento para o novo ministro, já que no dia da posse dele a notícia seria o aumento do desmatamento na Amazônia legal registrado pelo instituto. O Palácio do Planalto confirmou a posse do novo ministro para hoje às 15h, com transmissão de cargo às 18h na sede da Agência Nacional de Águas (ANA).
Desafios
O maior desafio de Minc será a regularização fundiária nos nove estados que formam a Amazônia Legal. A opinião é consenso entre os dirigentes das maiores organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas e os militantes “verdes” independentes, além dos atuais assessores do próprio governo. “O novo ministro precisará de muito fôlego para poder negociar a regularização fundiária dentro do próprio governo e com os institutos de terra dos estados da região”, disse Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Segundo dados do Imazon, existem 42 milhões de hectares de terras públicas ocupadas por posseiros sem documentação e que precisam ser regularizadas. Essas áreas, segundo a instituição, são o foco das maiores queimadas e de outros graves crimes ambientais na Amazônia. Para poder regularizar essas regiões, será preciso uma negociação do Ministério do Meio Ambiente com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), instituição responsável pelas chamadas terras devolutas da União. “Acabar com as queimadas e o trabalho escravo na Amazônia é o desafio mais urgente para o novo ministro”, disse o biólogo Mário Mantovanni, dirigente da SOS Mata Atlântica.
Mas os desafios de Minc não param aí. Ele será cobrado pelos ambientalistas do Congresso para implantar a chamada agenda marrom, que consiste na construção da rede de saneamento básico nas principais cidades brasileiras. Esse tipo de poluição é considerada a maior causa de contaminação de rios, lagos, lagoas e outros mananciais. “Cuidar da Amazônia é estratégico para o Brasil porque a floresta não é somente o estoque de biodiversidade, mas uma das maiores causas de poluição por causa das queimadas”, comentou o deputado Sarney Filho (PV-MA), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara.
“Carlos Minc tem vários desafios: impedir o desmatamento, o trabalho escravo e fazer a regularização fundiária na Amazônia”
Mário Mantovanni, dirigente da SOS Mata Atlântica
“O ministro terá que identificar quem são os donos da terra na Amazônia, além da União, para poder fazer a regularização fundiária. Além disso, terá que acabar com a impunidade na Amazônia”
Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon
Os desafios de Minc
1 - Regularização fundiária nos nove estados da Amazônia Legal. Existem mais de 24 milhões de hectares de terras públicas na região, boa parte delas ocupada por posseiros sem documentação. É nesse espaço onde acontecem as maiores queimadas para a abertura de novos pastos
2 - Redução das áreas queimadas na Amazônia e em outras regiões do país
3 - Definição de ações da chamada “agenda marrom”, que trata de medidas de despoluição das cidades, com implantação de estações de tratamento dos esgotos caseiros, considerados os maiores poluidores de rios, lagos e outros mananciais de água doce do país
4 - Programa de reciclagem do lixo urbano, hoje considerado um dos maiores problemas de contaminação
5 - Modificações de leis para a antecipação do prazo para que as indústrias de automóveis e de refino de petróleo passem a produzir combustíveis com menor emissão de partículas de enxofre e chumbo, exigência de protocolos internacionais
Folha de São Paulo País deve usar petróleo para se industrializar, diz Lula
Para ele, descoberta no pré-sal não deve servir apenas para agigantar Petrobras. Industrialização do país consolidaria um modelo de desenvolvimento baseado numa indústria nacional forte, afirma o pres
PEDRO SOARES - DA SUCURSAL DO RIO
Num discurso pontuado pela defesa da indústria naval brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o país tem de aproveitar as descobertas de petróleo na camada pré-sal para se "industrializar", e não apenas para converter a Petrobras numa "grande exportadora de petróleo".
"Eu não quero que a Petrobras, porque descobriu o pré-sal, vire apenas uma grande exportadora de petróleo, não. Vamos exportar, mas não quero que o presidente do Brasil coloque aquele pano na cabeça como se fosse um xeique do petróleo, não. Eu quero que a gente aproveite esse petróleo para industrializar este país, para consolidar um modelo de desenvolvimento baseado numa indústria nacional forte", disse Lula.
O presidente ressaltou também o papel da estatal como instrumento de política industrial. "É preciso ter consciência de que uma empresa como a Petrobras não pode existir apenas para ser a sexta maior empresa do mundo, a terceira maior empresa das Américas [em valor de mercado]. Ela existe também para ser alavancadora do desenvolvimento deste país e a geradora de oportunidades para outros setores da sociedade."
Para o presidente, a Petrobras não pode se pautar exclusivamente por decisões empresariais -ainda que perca, no curto prazo, com tal posição.
"Se a gente deixasse a nossa querida Petrobras trabalhar apenas pela cabeça empresarial, se ela apenas pensasse em perdas e ganhos de curto prazo, obviamente que ficaria mais fácil para a Petrobras comprar lá fora. Isso é verdade, mas a visão não pode ser apenas a de curto prazo."
Encomendas nacionais
Mesmo mais caras, o presidente ressaltou a importância das encomendas da estatal à indústria nacional como forma de irradiar o crescimento a outros setores -foi o governo Lula que introduziu, em 2003, regras de conteúdo nacional mínimo (inicialmente de 60%) nas licitações da companhia.
"A imbecilidade chega a tal ponto que as pessoas não se lembram que se a gente investir vai contratar trabalhadores, que vão ganhar um salário, que vão virar consumidores, que vão cuidar da família. Portanto, vão gerar emprego no comércio, que vai gerar trabalho na fábrica, que vai ter mais um trabalhador, que vai ter mais um consumidor."
"Homens produtivos"
Segundo Lula, desse modo se constrói "uma nação de homens produtivos", mesmo que à custa de despesas maiores nas encomendas da Petrobras. "É mais fácil ir à Correia, a Cingapura, à Noruega e comprar um navio pronto. Dá menos trabalho. Não tem nenhum problema. Quem sabe saísse um pouco mais baratinho do que construir aqui."
A uma platéia de trabalhadores e executivos da indústria naval e políticos, o presidente afirmou que, "nas duas últimas décadas, se vendeu a idéia de que nós não precisaríamos produzir nada" -pensamento responsável pelo sucateamento do setor naval. "Era mais fácil a política do prato feito: comprar tudo pronto."
Tal política, disse Lula, empurrou "um exército de adolescentes" sem oportunidades para a criminalidade. "É esse o papel que o Estado brasileiro tem de jogar [o de indutor do crescimento] porque, se não for o orgulho de vocês estarem de macacão cuidando dos filhos de vocês, o crime organizado está aí à espera dos deserdados deste país."
Folha de São Paulo Estatal encomenda 230 navios para a indústria nacional nos próximos 10 anos
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras vai encomendar prioritariamente à indústria nacional 230 embarcações nos próximos dez anos, na maior contratação desse tipo já feita no país.
Por meio de licitação, a estatal contratará 146 barcos de apoio à exploração e produção marítima de petróleo até 2014, que, após, a construção serão alugados pela Petrobras. A encomenda demanda investimentos de US$ 5 bilhões. Nos editais, haverá a exigência de conteúdo nacional (peças e equipamentos) de 80%.
O mesmo modelo será adotado para o afretamento de 40 sonda de perfuração, que estarão em operação até 2017. Nesse caso, porém, a indústria nacional não terá condições de atender a toda encomenda -o país nunca produziu sondas.
"Mas haverá uma prioridade para a indústria naval brasileira. Vamos testar o mercado e faremos o que for possível fazer no Brasil", afirmou José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras.
Segundo o executivo, a prioridade é fechar o contrato das primeiras sondas no próximo ano para atender às necessidades de perfuração na camada pré-sal -mais nova e promissora província petrolífera do país.
Gabrielli afirmou que o mercado de sondas está superaquecido e há falta de equipamentos no mercado.
Diante desse cenário, disse, o custo também explodiu: o aluguel chega a US$ 600 mil a diária. Por todos esses motivos, a companhia optou por licitar 40 unidades.
A estatal lançará ainda a segunda fase do programa de renovação de frota de petroleiros. Serão encomendados 44 ao todo -23 para a frota própria da companhia, 19 a serem alugados e 2 superpetroleiros também destinados ao afretamento.
A Petrobras não divulga os valores estimados das sondas e dos petroleiros para não induzir os preços nas licitações, que já estão em curso.
Folha de São Paulo Presidente critica cobrança externa sobre a Amazônia
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no Rio, que "o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono e que o dono é o povo brasileiro". Lula aproveitou o discurso de abertura do 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no centro do Rio, para responder às cobranças internacionais para que o governo consiga deter o desmatamento nas regiões Norte e Centro-Oeste.
"É muito engraçado que os países que são responsáveis por 70% da poluição do planeta agora fiquem de olhos na Amazônia da América do Sul. Como se fôssemos responsáveis por fazer aquilo que eles não fizeram durante todo o século passado. O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono."
Lula disse também que a preocupação com a preservação da floresta não pode impedir o desenvolvimento da região. Para ele, a população amazônica corre o risco de ser "segregada" se não houver condições para o desenvolvimento: "Afinal de contas, moram lá quase 25 milhões de habitantes, que querem ter acesso aos bens que nós temos aqui no Rio, em São Paulo. Por que essas pessoas têm que ficar segregadas?"
É o mesmo discurso adotado pelo ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos). A nomeação de Mangabeira como coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável) é apontada como um dos motivos da saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente. O país tem sido alvo de críticas de ambientalistas após o pedido de demissão dela.
Na platéia do fórum, estava o colunista do jornal "The New York Times" Roger Cohen. No domingo retrasado, o jornal americano publicou uma reportagem intitulada "De quem é esta floresta amazônica, afinal?" Segundo o texto, algumas lideranças mundiais têm afirmado que a Amazônia é um patrimônio mundial- e não apenas dos países que dividem o seu território.
No discurso, Lula também criticou a cobertura da imprensa sobre a Unasul (União das Nações Sul-Americanas de Nações), órgão criado oficialmente na última sexta-feira, em Brasília. Ele disse que a Unasul será o primeiro passo para uma integração continental semelhante à ocorrida na Europa. "Trabalhamos na América do Sul com a possibilidade de que as novas gerações possam criar uma moeda única."
(JANAINA LAGE e ROBERTO MACHADO)
Greenpeace realiza protesto
Ativistas do Greenpeace realizaram um protesto ontem para cobrar do governo brasileiro maior apoio à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Uma baleia inflável de 15 metros de comprimento foi colocada em frente ao Palácio do Planalto. A ação marcou a entrega de uma petição com mais de 12 mil assinaturas a um representante da Presidência da República. Em 1999, o governo brasileiro propôs a criação do santuário, mas a idéia não saiu do papel.
Correio Braziliense MEIO AMBIENTE
Com a Amazônia, não tem negócio
Lula manda um duro recado aos estrangeiros interessados em fatiar ou controlar a região. Alerta que é necessário combater o desmatamento, mas destaca a importância do desenvolvimento do Norte do país
Ricardo Miranda e Leonel Rocha
Rio e Brasília — Na véspera de dar posse ao novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que assume o cargo hoje no lugar de Marina Silva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem o mais duro recado aos chefes de Estado, estudiosos e ambientalistas que defendem uma gestão compartilhada das florestas tropicais do planeta: “O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono”, afirmou. “O dono da Amazônia é o povo brasileiro, são os índios, os seringueiros, os pescadores. E nós, que somos brasileiros, temos consciência de que é preciso diminuir o desmatamento, as queimadas, mas também temos a consciência de que é preciso desenvolver a Amazônia”, disse Lula, muito aplaudido, ao discursar na abertura 20º Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Centro do Rio.
No evento com a presença de cientistas e diplomatas de vários países — entre eles os professores Edmund Phelps, Prêmio Nobel de economia de 2006, e Albert Fishlow, da Universidade de Columbia, além do jornalista Roger Cohen, colunista do New York Times — Lula afirmou que não permitirá a segregação das 25 milhões de pessoas dos nove estados amazônicos. Segundo o presidente, essa população não pode ser impedida de aproveitar o desenvolvimento econômico que beneficia o restante do país. “É muito engraçado que os países responsáveis por 70% da poluição do planeta agora fiquem de olho na Amazônia como se fosse apenas nossa a responsabilidade pelo que eles mesmos não fizeram todo o século passado”, afirmou o presidente.
Diante do embaixador do Japão no Brasil, Ken Shimanouchi, Lula disse o “o protocolo de Kyoto já faliu”, e criticou países que nunca referendaram esse acordo internacional para reduzir as emissões de gases poluentes. Lula não citou diretamente os Estados Unidos, país que se recusou a assinar o protocolo. O presidente acusou os países desenvolvidos de terem “preconceitos arraigados” e de montarem “lobbies fortíssimos” contra os biocombustíveis. “O Brasil não se assusta com campanhas orquestradas”, garantiu Lula. Ele também informou que viajará na próxima semana para Roma onde participará da conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O tema principal será a polêmica entre produção de alimentos e de bioenergia.
O presidente lamentou a política protecionista dos Estados Unidos e da Europa contra produtos brasileiros, verdadeira responsável, segundo ele, pelo aumento global do preço dos alimentos — e não a nova matriz energética renovável. Segundo assessores, Lula está particularmente irritado com reportagem do New York Times, publicada na semana passada, em que o periódico pergunta: “De quem é esta floresta amazônica, afinal?”. No texto, o jornal diz que “um coro de líderes internacionais está declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território”.
Etanol
Também recentemente, o economista americano Paul Krugmann, em um artigo no mesmo NYT, chamou o etanol de “demônio” e listou o combustível como uma das causas da alta dos preços dos alimentos. “Não é correto afirmar que vamos prejudicar o cultivo dos alimentos. O etanol pode diminuir a crise energética e a poluição. O mundo pode e deve assinar um pacto global pelo uso de fontes alternativas de energia”, defendeu o presidente.
A pedido do novo ministro Carlos Minc, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidiu suspender a divulgação que faria ontem, em São José dos Campos (SP), das análises do sistema de alerta do desmatamento Deter para o mês de abril de 2008. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a divulgação foi suspensa até que seja acertado com o novo ministro do Meio Ambiente um novo esquema de apresentação dos dados sobre desmatamento.
A mudança na divulgação evitaria um constrangimento para o novo ministro, já que no dia da posse dele a notícia seria o aumento do desmatamento na Amazônia legal registrado pelo instituto. O Palácio do Planalto confirmou a posse do novo ministro para hoje às 15h, com transmissão de cargo às 18h na sede da Agência Nacional de Águas (ANA).
Desafios
O maior desafio de Minc será a regularização fundiária nos nove estados que formam a Amazônia Legal. A opinião é consenso entre os dirigentes das maiores organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas e os militantes “verdes” independentes, além dos atuais assessores do próprio governo. “O novo ministro precisará de muito fôlego para poder negociar a regularização fundiária dentro do próprio governo e com os institutos de terra dos estados da região”, disse Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Segundo dados do Imazon, existem 42 milhões de hectares de terras públicas ocupadas por posseiros sem documentação e que precisam ser regularizadas. Essas áreas, segundo a instituição, são o foco das maiores queimadas e de outros graves crimes ambientais na Amazônia. Para poder regularizar essas regiões, será preciso uma negociação do Ministério do Meio Ambiente com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), instituição responsável pelas chamadas terras devolutas da União. “Acabar com as queimadas e o trabalho escravo na Amazônia é o desafio mais urgente para o novo ministro”, disse o biólogo Mário Mantovanni, dirigente da SOS Mata Atlântica.
Mas os desafios de Minc não param aí. Ele será cobrado pelos ambientalistas do Congresso para implantar a chamada agenda marrom, que consiste na construção da rede de saneamento básico nas principais cidades brasileiras. Esse tipo de poluição é considerada a maior causa de contaminação de rios, lagos, lagoas e outros mananciais. “Cuidar da Amazônia é estratégico para o Brasil porque a floresta não é somente o estoque de biodiversidade, mas uma das maiores causas de poluição por causa das queimadas”, comentou o deputado Sarney Filho (PV-MA), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara.
“Carlos Minc tem vários desafios: impedir o desmatamento, o trabalho escravo e fazer a regularização fundiária na Amazônia”
Mário Mantovanni, dirigente da SOS Mata Atlântica
“O ministro terá que identificar quem são os donos da terra na Amazônia, além da União, para poder fazer a regularização fundiária. Além disso, terá que acabar com a impunidade na Amazônia”
Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon
Os desafios de Minc
1 - Regularização fundiária nos nove estados da Amazônia Legal. Existem mais de 24 milhões de hectares de terras públicas na região, boa parte delas ocupada por posseiros sem documentação. É nesse espaço onde acontecem as maiores queimadas para a abertura de novos pastos
2 - Redução das áreas queimadas na Amazônia e em outras regiões do país
3 - Definição de ações da chamada “agenda marrom”, que trata de medidas de despoluição das cidades, com implantação de estações de tratamento dos esgotos caseiros, considerados os maiores poluidores de rios, lagos e outros mananciais de água doce do país
4 - Programa de reciclagem do lixo urbano, hoje considerado um dos maiores problemas de contaminação
5 - Modificações de leis para a antecipação do prazo para que as indústrias de automóveis e de refino de petróleo passem a produzir combustíveis com menor emissão de partículas de enxofre e chumbo, exigência de protocolos internacionais
Folha de São Paulo País deve usar petróleo para se industrializar, diz Lula
Para ele, descoberta no pré-sal não deve servir apenas para agigantar Petrobras. Industrialização do país consolidaria um modelo de desenvolvimento baseado numa indústria nacional forte, afirma o pres
PEDRO SOARES - DA SUCURSAL DO RIO
Num discurso pontuado pela defesa da indústria naval brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o país tem de aproveitar as descobertas de petróleo na camada pré-sal para se "industrializar", e não apenas para converter a Petrobras numa "grande exportadora de petróleo".
"Eu não quero que a Petrobras, porque descobriu o pré-sal, vire apenas uma grande exportadora de petróleo, não. Vamos exportar, mas não quero que o presidente do Brasil coloque aquele pano na cabeça como se fosse um xeique do petróleo, não. Eu quero que a gente aproveite esse petróleo para industrializar este país, para consolidar um modelo de desenvolvimento baseado numa indústria nacional forte", disse Lula.
O presidente ressaltou também o papel da estatal como instrumento de política industrial. "É preciso ter consciência de que uma empresa como a Petrobras não pode existir apenas para ser a sexta maior empresa do mundo, a terceira maior empresa das Américas [em valor de mercado]. Ela existe também para ser alavancadora do desenvolvimento deste país e a geradora de oportunidades para outros setores da sociedade."
Para o presidente, a Petrobras não pode se pautar exclusivamente por decisões empresariais -ainda que perca, no curto prazo, com tal posição.
"Se a gente deixasse a nossa querida Petrobras trabalhar apenas pela cabeça empresarial, se ela apenas pensasse em perdas e ganhos de curto prazo, obviamente que ficaria mais fácil para a Petrobras comprar lá fora. Isso é verdade, mas a visão não pode ser apenas a de curto prazo."
Encomendas nacionais
Mesmo mais caras, o presidente ressaltou a importância das encomendas da estatal à indústria nacional como forma de irradiar o crescimento a outros setores -foi o governo Lula que introduziu, em 2003, regras de conteúdo nacional mínimo (inicialmente de 60%) nas licitações da companhia.
"A imbecilidade chega a tal ponto que as pessoas não se lembram que se a gente investir vai contratar trabalhadores, que vão ganhar um salário, que vão virar consumidores, que vão cuidar da família. Portanto, vão gerar emprego no comércio, que vai gerar trabalho na fábrica, que vai ter mais um trabalhador, que vai ter mais um consumidor."
"Homens produtivos"
Segundo Lula, desse modo se constrói "uma nação de homens produtivos", mesmo que à custa de despesas maiores nas encomendas da Petrobras. "É mais fácil ir à Correia, a Cingapura, à Noruega e comprar um navio pronto. Dá menos trabalho. Não tem nenhum problema. Quem sabe saísse um pouco mais baratinho do que construir aqui."
A uma platéia de trabalhadores e executivos da indústria naval e políticos, o presidente afirmou que, "nas duas últimas décadas, se vendeu a idéia de que nós não precisaríamos produzir nada" -pensamento responsável pelo sucateamento do setor naval. "Era mais fácil a política do prato feito: comprar tudo pronto."
Tal política, disse Lula, empurrou "um exército de adolescentes" sem oportunidades para a criminalidade. "É esse o papel que o Estado brasileiro tem de jogar [o de indutor do crescimento] porque, se não for o orgulho de vocês estarem de macacão cuidando dos filhos de vocês, o crime organizado está aí à espera dos deserdados deste país."
Folha de São Paulo Estatal encomenda 230 navios para a indústria nacional nos próximos 10 anos
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras vai encomendar prioritariamente à indústria nacional 230 embarcações nos próximos dez anos, na maior contratação desse tipo já feita no país.
Por meio de licitação, a estatal contratará 146 barcos de apoio à exploração e produção marítima de petróleo até 2014, que, após, a construção serão alugados pela Petrobras. A encomenda demanda investimentos de US$ 5 bilhões. Nos editais, haverá a exigência de conteúdo nacional (peças e equipamentos) de 80%.
O mesmo modelo será adotado para o afretamento de 40 sonda de perfuração, que estarão em operação até 2017. Nesse caso, porém, a indústria nacional não terá condições de atender a toda encomenda -o país nunca produziu sondas.
"Mas haverá uma prioridade para a indústria naval brasileira. Vamos testar o mercado e faremos o que for possível fazer no Brasil", afirmou José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras.
Segundo o executivo, a prioridade é fechar o contrato das primeiras sondas no próximo ano para atender às necessidades de perfuração na camada pré-sal -mais nova e promissora província petrolífera do país.
Gabrielli afirmou que o mercado de sondas está superaquecido e há falta de equipamentos no mercado.
Diante desse cenário, disse, o custo também explodiu: o aluguel chega a US$ 600 mil a diária. Por todos esses motivos, a companhia optou por licitar 40 unidades.
A estatal lançará ainda a segunda fase do programa de renovação de frota de petroleiros. Serão encomendados 44 ao todo -23 para a frota própria da companhia, 19 a serem alugados e 2 superpetroleiros também destinados ao afretamento.
A Petrobras não divulga os valores estimados das sondas e dos petroleiros para não induzir os preços nas licitações, que já estão em curso.
Folha de São Paulo Presidente critica cobrança externa sobre a Amazônia
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no Rio, que "o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono e que o dono é o povo brasileiro". Lula aproveitou o discurso de abertura do 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no centro do Rio, para responder às cobranças internacionais para que o governo consiga deter o desmatamento nas regiões Norte e Centro-Oeste.
"É muito engraçado que os países que são responsáveis por 70% da poluição do planeta agora fiquem de olhos na Amazônia da América do Sul. Como se fôssemos responsáveis por fazer aquilo que eles não fizeram durante todo o século passado. O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono."
Lula disse também que a preocupação com a preservação da floresta não pode impedir o desenvolvimento da região. Para ele, a população amazônica corre o risco de ser "segregada" se não houver condições para o desenvolvimento: "Afinal de contas, moram lá quase 25 milhões de habitantes, que querem ter acesso aos bens que nós temos aqui no Rio, em São Paulo. Por que essas pessoas têm que ficar segregadas?"
É o mesmo discurso adotado pelo ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos). A nomeação de Mangabeira como coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável) é apontada como um dos motivos da saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente. O país tem sido alvo de críticas de ambientalistas após o pedido de demissão dela.
Na platéia do fórum, estava o colunista do jornal "The New York Times" Roger Cohen. No domingo retrasado, o jornal americano publicou uma reportagem intitulada "De quem é esta floresta amazônica, afinal?" Segundo o texto, algumas lideranças mundiais têm afirmado que a Amazônia é um patrimônio mundial- e não apenas dos países que dividem o seu território.
No discurso, Lula também criticou a cobertura da imprensa sobre a Unasul (União das Nações Sul-Americanas de Nações), órgão criado oficialmente na última sexta-feira, em Brasília. Ele disse que a Unasul será o primeiro passo para uma integração continental semelhante à ocorrida na Europa. "Trabalhamos na América do Sul com a possibilidade de que as novas gerações possam criar uma moeda única."
(JANAINA LAGE e ROBERTO MACHADO)
domingo, 25 de maio de 2008
MUNDO
Tema do Dia - Cúpula do Brasil Aliança de última hora
Tratado que cria o bloco sul-americano só foi assinado depois de vencida a resistência do Equador
“Não se trata de uma época de mudanças, mas de uma mudança de épocas”, disse ontem ao chegar a Brasília o presidente da Bolívia, Evo Morales. Ele se referia à América do Sul como uma região motora de mudanças no mundo atual. Durante a reunião organizada para a assinatura do Tratado Constitucional da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o presidente boliviano lembrou que em Cochabamba foi lançada uma pedra fundamental para a integração sul-americana e que, em Brasília, os 12 chefes de Estado e de governo estavam reunidos para colocar o cimento da Unasul. “Como pedreiros da construção da América do Sul,” completava. E como pedreiros tiveram que quebrar algumas pedras antes mesmo de a reunião para a assinatura do tratado começar.
O presidente do Equador, Rafael Correa, chegou reticente sobre a Unasul. Foi preciso um café-da-manhã com o presidente Lula, Morales e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, para melhorar o ânimo do equatoriano, que queria mudar pontos do tratado, como as funções da Secretaria Geral. O órgão, responsável por planejar o orçamento da entidade, seria presidido pelo também equatoriano Rodrigo Borja, que nesta semana se declarou frustrado com os chefes de Estado que não desejam englobar a Comunidade Andina de Nações (CAN) e o Mercosul ao projeto. De acordo com o assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, Borja tinha metas ambiciosas demais para o bloco de nações sul-americanas. O Itamaraty revelou ao Correio que possíveis candidatos para a Secretaria Geral seriam o boliviano Pablo Solom e o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner.
Durante a reunião, o presidente boliviano passou a presidência pro tempore da Unasul para a presidenta do Chile, Michelle Bachelet. Nas palavras do presidente Lula, será ela “quem vai carregar esse gostoso fardo integracionista”. A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu sobretudo a integração econômica da região e os projetos de integração energética. À tarde, durante a gravação de um programa para o canal de iniciativa venezuelana Telesur, Chávez também fez considerações sobre esse âmbito, dizendo que o “Mercosul poderia ser a unidade econômica da Unasul”.
O venezuelano mencionou ainda a idéia de se criar um conselho alimentar, para aproveitar o potencial agrícola da região. A idéia tinha sido defendida pela manhã, quando a presidenta do Chile disse acreditar que, na Unasul, os países sul-americanos terão melhores condições para enfrentar a crise internacional de alimentos. “Nas conversas entre os presidentes, surgiram diversas idéias de como aumentar a produção. Somos uma região que não tem escassez de alimentos, podemos ter escassez de alguns produtos em alguns países, mas não no conjunto”, disse Bachelet.
Com tantos temas em debate e pedras no caminho, o presidente Lula terminou o encontro se dizendo de “alma lavada” com a criação do grupo de países sul-americanos, mas admitiu que o bloco terá de enfrentar muitos desafios antes de conquistar espaço no cenário internacional.
Estratégia brasileira
A realização da cúpula alterou o cenário no centro da cidade, onde centenas de soldados do Exército se posicionaram especialmente na região do Centro de Convenções, nos setores hoteleiros e ao longo do Eixo Monumental. José Antonio Sanahuja Perales, diretor do Departamento de Desenvolvimento e Cooperação da Universidade Complutense de Madri (UCM), adiantou ao Correio algumas das idéias sobre a Unasul que devem ser publicadas em artigo no próximo mês. “A Unasul é, em grande medida, o resultado de um desenho geopolítico brasileiro, que parte do pressuposto de que o México e a América Central estarão cada vez mais vinculados aos Estados Unidos. Ao redefinir a integração na chave sul-americana, e não latino-americana, deixa-se por um lado o México, único competidor potencial do Brasil, e deixa-se o Brasil como líder ‘natural’ da região.
Questionado sobre a possível existência de uma disputa entre Brasil e Venezuela pela liderança regional, o presidente Chávez respondeu: “Lula e eu somos irmãos; nossa amizade é de altíssima grandeza”. O venezuelano considerou que há interessados em criar disputas entre os dois, mas que ambos já decidiram “não brigar”. E listou iniciativas de cooperação entre os dois países, como projetos da Petrobras e da Embrapa, ressaltando que a Venezuela comprou soja não-transgênica do Maranhão.
Chávez acrescentou que a Unasul tem de servir à independência da América Latina e continuar um processo de um século e meio. Mas negou querer ser um novo Simón Bolívar, líder da independência de territórios na América Latina e defensor da integração da região em meados do século 19. “Ele é um gigante, um colosso. Eu sou um soldado raso.”
Apagão na hora da assinatura
A Unasul teve de ultrapassar a falta de energia para nascer. No exato momento em que os 12 chefes de Estado assinavam o tratado, houve um apagão na região do Setor de Divulgação Cultural, onde se encontra o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Enquanto a Companhia Energética de Brasília (CEB) trabalhava, dois geradores forneciam luz e força para a conferência. Diante do imprevisto, Hugo Chávez brincou, dizendo que aquilo havia sido uma armação do americano George W. Bush. Além do gerador que já havia no prédio, o Itamaraty pediu a instalação de um outro para atender a demanda.
Tema do Dia - Cúpula do Brasil Aliança de última hora
Tratado que cria o bloco sul-americano só foi assinado depois de vencida a resistência do Equador
“Não se trata de uma época de mudanças, mas de uma mudança de épocas”, disse ontem ao chegar a Brasília o presidente da Bolívia, Evo Morales. Ele se referia à América do Sul como uma região motora de mudanças no mundo atual. Durante a reunião organizada para a assinatura do Tratado Constitucional da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o presidente boliviano lembrou que em Cochabamba foi lançada uma pedra fundamental para a integração sul-americana e que, em Brasília, os 12 chefes de Estado e de governo estavam reunidos para colocar o cimento da Unasul. “Como pedreiros da construção da América do Sul,” completava. E como pedreiros tiveram que quebrar algumas pedras antes mesmo de a reunião para a assinatura do tratado começar.
O presidente do Equador, Rafael Correa, chegou reticente sobre a Unasul. Foi preciso um café-da-manhã com o presidente Lula, Morales e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, para melhorar o ânimo do equatoriano, que queria mudar pontos do tratado, como as funções da Secretaria Geral. O órgão, responsável por planejar o orçamento da entidade, seria presidido pelo também equatoriano Rodrigo Borja, que nesta semana se declarou frustrado com os chefes de Estado que não desejam englobar a Comunidade Andina de Nações (CAN) e o Mercosul ao projeto. De acordo com o assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia, Borja tinha metas ambiciosas demais para o bloco de nações sul-americanas. O Itamaraty revelou ao Correio que possíveis candidatos para a Secretaria Geral seriam o boliviano Pablo Solom e o ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner.
Durante a reunião, o presidente boliviano passou a presidência pro tempore da Unasul para a presidenta do Chile, Michelle Bachelet. Nas palavras do presidente Lula, será ela “quem vai carregar esse gostoso fardo integracionista”. A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu sobretudo a integração econômica da região e os projetos de integração energética. À tarde, durante a gravação de um programa para o canal de iniciativa venezuelana Telesur, Chávez também fez considerações sobre esse âmbito, dizendo que o “Mercosul poderia ser a unidade econômica da Unasul”.
O venezuelano mencionou ainda a idéia de se criar um conselho alimentar, para aproveitar o potencial agrícola da região. A idéia tinha sido defendida pela manhã, quando a presidenta do Chile disse acreditar que, na Unasul, os países sul-americanos terão melhores condições para enfrentar a crise internacional de alimentos. “Nas conversas entre os presidentes, surgiram diversas idéias de como aumentar a produção. Somos uma região que não tem escassez de alimentos, podemos ter escassez de alguns produtos em alguns países, mas não no conjunto”, disse Bachelet.
Com tantos temas em debate e pedras no caminho, o presidente Lula terminou o encontro se dizendo de “alma lavada” com a criação do grupo de países sul-americanos, mas admitiu que o bloco terá de enfrentar muitos desafios antes de conquistar espaço no cenário internacional.
Estratégia brasileira
A realização da cúpula alterou o cenário no centro da cidade, onde centenas de soldados do Exército se posicionaram especialmente na região do Centro de Convenções, nos setores hoteleiros e ao longo do Eixo Monumental. José Antonio Sanahuja Perales, diretor do Departamento de Desenvolvimento e Cooperação da Universidade Complutense de Madri (UCM), adiantou ao Correio algumas das idéias sobre a Unasul que devem ser publicadas em artigo no próximo mês. “A Unasul é, em grande medida, o resultado de um desenho geopolítico brasileiro, que parte do pressuposto de que o México e a América Central estarão cada vez mais vinculados aos Estados Unidos. Ao redefinir a integração na chave sul-americana, e não latino-americana, deixa-se por um lado o México, único competidor potencial do Brasil, e deixa-se o Brasil como líder ‘natural’ da região.
Questionado sobre a possível existência de uma disputa entre Brasil e Venezuela pela liderança regional, o presidente Chávez respondeu: “Lula e eu somos irmãos; nossa amizade é de altíssima grandeza”. O venezuelano considerou que há interessados em criar disputas entre os dois, mas que ambos já decidiram “não brigar”. E listou iniciativas de cooperação entre os dois países, como projetos da Petrobras e da Embrapa, ressaltando que a Venezuela comprou soja não-transgênica do Maranhão.
Chávez acrescentou que a Unasul tem de servir à independência da América Latina e continuar um processo de um século e meio. Mas negou querer ser um novo Simón Bolívar, líder da independência de territórios na América Latina e defensor da integração da região em meados do século 19. “Ele é um gigante, um colosso. Eu sou um soldado raso.”
Apagão na hora da assinatura
A Unasul teve de ultrapassar a falta de energia para nascer. No exato momento em que os 12 chefes de Estado assinavam o tratado, houve um apagão na região do Setor de Divulgação Cultural, onde se encontra o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Enquanto a Companhia Energética de Brasília (CEB) trabalhava, dois geradores forneciam luz e força para a conferência. Diante do imprevisto, Hugo Chávez brincou, dizendo que aquilo havia sido uma armação do americano George W. Bush. Além do gerador que já havia no prédio, o Itamaraty pediu a instalação de um outro para atender a demanda.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
AMAZONAS
Corpos de mais duas vítimas de naufrágio são localizados
Pescadores localizaram ontem, no rio Solimões, mais dois corpos de passageiros do barco Comandante Sales, que naufragou no último dia 6, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), elevando para 48 o número de mortos no acidente.
Estima-se que ainda haja seis pessoas desaparecidas -o número é incerto porque o barco estava em situação irregular e não havia lista de passageiros. Ontem, o Corpo de Bombeiros informou que dois supostos passageiros que eram dados como desaparecidos estão vivos e não participaram da viagem.
A Defesa Civil de Manacapuru anunciou que a polícia investiga a suspeita de que dois tripulantes do barco estejam vivos. Eles são irmãos do dono da embarcação, morto no acidente.
"É quase certo que eles não tenham morrido, mas não estariam no município por temerem represálias", disse a secretária da Ação Social do município, Marta Régis.
Segundo os bombeiros, os dois corpos localizados ontem estavam a 80 quilômetros de distância um do outro. (KÁTIA BRASIL)
Folha de São Paulo SANTA CATARINA
Bombeiros cessam buscas por padre que voou em balões
Bombeiros encerraram ontem as buscas pelo padre Adelir Antônio de Carli, 41, desaparecido desde o dia 21, após levantar vôo amarrado a balões de festa, em Paranaguá (96 km de Curitiba).
Desde então, bombeiros voluntários de Penha (120 km de Florianópolis), região onde restos de balões usados pelo padre foram encontrados, trabalharam por mais de 20 dias seguidos em busca de pistas. Cerca de 90 bombeiros cumpriram 120 horas de buscas por terra, água e ar.
Ele fez o último contato por rádio, com bombeiros, em São Francisco do Sul (SC). "O que tinha que ser feito foi feito. Não acho que podemos localizá-lo nessa região", disse o comandante das operações, Johnny Coelho. Lanchas e helicópteros da polícia e de empresários foram usados nos trabalhos.
A Marinha já havia encerrado as buscas ao padre no último dia 26. Apesar do fim das buscas, integrantes da Pastoral Rodoviária, projeto de apoio a caminhoneiros idealizado pelo padre, afirmam ainda ter esperanças de que o religioso esteja vivo. (MATHEUS PICHONELLI)
Folha de São Paulo Barco ignora risco e viaja no escuro para fugir de fiscal
Folha fez viagem semelhante a que acabou em naufrágio no domingo passado. Barco com salva-vidas rasgados e sem lista de passageiros só saiu do porto irregular quando lanchas da Marinha foram embora
KÁTIA BRASIL
Cruzar os rios da Amazônia em barcos que ligam as cidades ribeirinhas é viver sob risco de naufrágio. Imprudentes, donos das embarcações driblam a fiscalização da Marinha com conivência de passageiros. Quem ousa reclamar perde o direito de seguir viagem.
No domingo passado, um barco superlotado e em situação irregular naufragou no rio Solimões, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus). Até ontem à tarde, 46 corpos de vítimas haviam sido resgatados. Dez pessoas ainda estariam desaparecidas.
Para verificar as condições dessas viagens, a reportagem tomou um barco em Manaus na última quinta-feira. O destino: Manacapuru, a cidade do acidente de domingo. Sete horas rio Solimões acima separavam os municípios.
O trajeto começa no maior porto irregular do Amazonas, as escadarias da avenida Manaus Moderna. Às margens do rio Negro, camelôs, carregadores, comerciantes de passagens e pescadores dividem espaço em um ambiente poluído.
A repórter e o repórter-fotográfico compram, por R$ 15 cada um, bilhetes para o percurso na embarcação Capitão Antônio. Com dois andares em madeira, o barco é semelhante ao acidentado no Solimões, o Comandante Sales.
Com início marcado para 17h, a viagem só começou às 18h15, quando duas lanchas da Marinha finalizaram o expediente. "As baratinhas [lanchas da Marinha] estão ali, vamos esperar um pouco", disse um passageiro a Argemiro Auzier, 63, o comandante do Capitão Antônio.
Tem lista de passageiros
Dentro do barco, com capacidade para 60 pessoas, outra irregularidade é notada logo no início da viagem: não havia lista dos 22 passageiros, que se acomodavam em redes atadas aos conveses.
O mesmo ocorreu com a embarcação Comandante Sales, daí a dificuldade de precisar o número de desaparecidos até agora.
Com cinco tripulantes e um cachorro, o Capitão Antônio tem apenas um banheiro, fétido. Carregava oito toneladas de mercadorias (abaixo da capacidade máxima, de 20 toneladas) entre alimentos e materiais de construção. Os salva-vidas, fabricados em 2003, estavam vencidos, sem apitos e rasgados.
Mesmo antes de desatracar, Auzier e o dono do barco, Antônio Macena, questionaram a Folha sobre o objetivo da reportagem. Preocupados, diziam não querer "problemas com a Marinha".
O comandante, único a conceder entrevista, disse que o barco estava em situação legal. Afirmou conhecer bem "99% dos rios do Amazonas". Para ele, acidentes como o de domingo passado só ocorrem por "imprudência do comandante, bebida e problemas no motor".
Durante o percurso, os procedimentos não foram o de uma viagem regular.
No escuro
Logo que escureceu, Macena mandou apagar as luzes do barco. O repórter-fotográfico acendeu uma lâmpada no convés superior, rapidamente desligada por outro passageiro.
No breu do rio Solimões, o barco fica quase invisível aos olhos dos fiscais. Até Manacapuru, o Capitão Antônio percorreu vilas, ultrapassou dezenas de embarcações, enfrentou ondas provocadas por outros barcos, bancos de areia e remoinhos sem acender as luzes dos conveses.
A única parada foi em Iranduba (25 km de Manaus), às 21h, para compra de gás, cervejas e refrigerantes em um porto flutuante.
A maior parte dos passageiros eram parentes da autônoma Waldilene da Silva, 29, que seguiam para uma festa em Caapiranga. Com exceção de duas adolescentes no grupo de 12 pessoas, todos bebiam sem parar ao som do brega, gênero popular no Norte do país. "Conhecemos o dono do barco e nos sentimos seguros", disse Waldilene.
Por volta da 1h30, o barco atracou em Manacapuru. Não havia qualquer fiscalização da Marinha. A reportagem desceu no porto.
Nas paredes do Capitão Antônio, sem informações sobre a empresa dona do barco ou dados sobre lotação, apenas uma placa com a frase: "Deus abençoe quem entra nesse barco, proteja quem fica e leva em paz quem sai".
Folha de São Paulo Barcos de porto ilegal levam 90% dos passageiros
No centro antigo da capital amazonense, as escadarias da avenida Manaus Moderna, às margens do rio Negro, formam o maior porto ilegal do Amazonas. É o ponto de partida da viagem feita pela Folha até Manacapuru, a 84 km dali. Estima-se que mil embarcações atraquem por dia no local. Elas transportam 90% dos 180 mil passageiros que trafegam por mês pelos rios Negro e Solimões, que formam o Amazonas.
Quando o rio Negro está cheio, passageiros têm de sujar os pés na água poluída, atravessar passarelas improvisadas de madeira e balsas para acessar os barcos. Nas passarelas, o que se vê é um entra-e-sai de gente à procura de embarcações, candidatos a passageiros que se misturam a camelôs, carregadores, barqueiros e pescadores. Todos trabalhando em condições insalubres.
As passagens são vendidas nos barcos ou em bancas ao longo da chamada Feira da Banana. Os destinos são os 62 municípios amazonenses, além de cidades no Pará e em Rondônia. Em cima das balsas, camelôs vendem lanches e bebidas alcóolicas. À noite, o local vira ponto de prostituição e de tráfico de drogas.
A 50 metros do ponto clandestino, fica um porto legal, a Estação Hidroviária do Porto de Manaus, que atende somente 4.775 passageiros por mês. Como as passagens ali são mais caras, os clientes preferem as escadarias da Manaus Moderna, onde os barcos atracados não pagam taxas.
A diferença de preço das passagens nos dois portos chega a 20%. Para Coari (370 km de Manaus), por exemplo, o bilhete sai por R$ 72 no porto, contra R$ 60 nas escadarias.
"Infelizmente isso [predomínio do transporte informal] é uma realidade cultural e social", afirma Carlos Alexandre De Carli, diretor-presidente do Porto de Manaus.
Folha de São Paulo Em choque, sobrevivente não se lembra de nomes nem idade
O jovem que foi resgatado 24 horas após o naufrágio do barco Comandante Sales, no rio Solimões, em Manacapuru (AM), na madrugada do último domingo, ainda está em estado de choque. Esquece a data do nascimento, os nomes dos amigos.
A reportagem o encontrou em casa na última sexta, onde agora ele passa a maior parte do tempo.
Leandro Souza Monteiro, 22, foi achado por pescadores agarrado a uma moita de capim no rio. No momento, disse que tinha 18 anos. "Não lembro a data do meu nascimento."
O rapaz é trabalhador rural e estudou até a terceira série do ensino fundamental. Mora numa palafita na periferia. Sua mãe, Sandra Monteiro, 40, e a irmã, Alessandra, 17, chegaram a procurá-lo no IML (Instituto Médico Legal) em Manaus. Ele foi encontrado vivo na segunda.
Disse que viajava na proa do barco. "Não estava chovendo. Quando passamos no rebojo [remoinho], o barco virou. Pulei, comecei a nadar, fui parar na moita de capim. Foi minha salvação."
Monteiro afirmou que não se feriu nem foi mordido por peixes. "Fiquei agarrado ao capim. Só lembrava da minha mãe. Pedi por Deus. Tinha hora que eu não sabia o que fazer", disse ele, que não bebeu água do rio e ficou debaixo de "muito sol". "Estava muito cansado. Senti muita fome e muita sede."
O rapaz calcula que passava das 13h de segunda quando foi encontrado. "Comecei a chorar. Nunca mais vou esquecer isso, nasci de novo."
Monteiro estima que muitos passageiros morreram porque estavam em pé no convés superior. Dez pessoas ainda estão desaparecidas, segundo a Marinha. Entre elas, Sherllys Cruz, 18, que o pai, o vendedor de churrasquinho Alcemir, ainda procurava na última sexta. (KB)
Jornal do Brasil Número de mortos chega a 48
Mais dois corpos de passageiros são encontrados nas águas do Solimões
Mais dois corpos de vítimas do naufrágio ocorrido no rio Solimões (AM), no último dia 4, foram encontrados ontem. Os corpos são de um homem e uma mulher. Os corpos serão encaminhados ao Instituto Médico Legal do Amazonas, onde as famílias dos desaparecidos deverão realizar o reconhecimento. Se confirmadas as identidades dos dois corpos encontrados, cai para 5 o número de desaparecidos, e sobe para 48 o número de corpos resgatados até o momento.
Segundo José Melo, secretário estadual de Governo, três pessoas que tinham seus nomes na lista de desaparecidos não estavam na embarcação, e foram encontradas ainda com vida.
O acidente aconteceu na localidade de Lago do Pesqueiro, na cidade de Manacapuru, a 84 km a oeste de Manaus, aproximadamente 20 minutos depois que a embarcação Comandante Sales 2008 partiu de Lago, onde ocorria uma Festa do Divino. O barco tombou para um lado e foi invadido pela água.
De acordo com o coronel Roberto Rocha, da Defesa Civil estadual, as buscas devem continuar até terça-feira.
Na última quinta-feira, o delegado Antônio Rodrigues, responsável pelo caso, confirmou que há indícios de que o acidente tenha sido causado por excesso de pessoas na embarcação.
– Há pessoas que disseram ter até 150 passageiros – afirmou.
A capacidade do Comandante Sales, um barco de madeira com dois andares e cerca de 20 metros de comprimento, era de 50 pessoas. A embarcação não estava regularizada na Capitania dos Portos.
Segundo ele, todos os sobreviventes relatam superlotação no barco.
O Estado de São Paulo Liberada rodovia bloqueada pelos índios em RR
PF obedece a decisão do Supremo e desmonta barreira feita por grupo que exige a expulsão dos arrozeiros
Loide Gomes
A Polícia Federal liberou ontem a Rodovia RR-319, na terra indígena Raposa Serra do Sol, a 105 quilômetros de Boa Vista, que estava bloqueada desde segunda-feira por indígenas que exigem a expulsão dos arrozeiros da reserva. A ação da PF atendeu a uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto ao Ministério da Justiça.
O procurador-geral de Roraima, Luciano Queiroz, disse que entrou com ação no STF, em nome do Estado, sábado. “E o ministro despachou às 21 horas, de sua casa, em Brasília.” Britto é relator das ações no STF que contestam a homologação da Raposa Serra do Sol em área contínua, o que obrigaria à retirada de todos os não-índios. O governo de Roraima quer a reserva em ilhas, com preservação das fazendas de arroz.
No momento em que a PF cumpria a determinação do STF, o juiz Helder Girão Barreto, da Justiça Federal de Roraima, ordenou a liberação da rodovia, conhecida como Transarrozeira. Ele concedeu liminar em ação ajuizada pelo arrozeiro Ivo Barilli, dono da Fazenda Tatu, que fica a 25 quilômetros da barreira e estava isolada.
Barilli não podia transportar de insumos e sementes para a fazenda nem retirar sacas de arroz. Ele tinha cinco carretas paradas na rodovia e calculava que 2.500 sacas de arroz já tinham sido perdidas. Ontem à noite mesmo o arrozeiro conseguiu entrar na fazenda e as carretas foram para Boa Vista.
À tarde, o superintendente da PF, José Maria Fonseca, já fora até a barreira para negociar. Segundo Fonseca, os índios exigiram mais policiamento para evitar tráfego de pessoas armadas e “disseram que há pessoas transitando com carabinas, em caminhonetes.” Ele informou que vai reforçar o efetivo da PF num posto na área.
O procurador-geral de Roraima contou que pediu ainda ao STF que proíba novos bloqueios até a decisão definitiva sobre as ações que contestam a Serra do Sol, que deve sair em duas semanas. “Se o próprio poder estatal foi proibido de retirar não-índios da reserva, alguns índios não podem se revestir do poder de polícia, obstruir uma rodovia e impedir o direito de ir e vir em área que ainda não foi definida se é ou não terra indígena.” Queiroz disse que entrou com ação pedindo o desbloqueio depois de tentativas fracassadas de acordo com os índios.
A tensão cresceu na região durante a semana. Além da barreira, funcionários da Fazenda Depósito dispararam contra índios que tentavam ocupar uma área na terça-feira, ferindo nove deles. O dono da fazenda, Paulo César Quartiero, foi preso e levado a Brasília. Ele é prefeito de Pacaraima e líder dos arrozeiros. Sua prisão provocou protestos de índios contrários à reserva. Surumu, distrito de Pacaraima, foi um dos locais que recebeu reforço da PF e da Força Nacional de Segurança.
O Estado de São Paulo MANACAPURU – AM
Número de mortos sobe para 48
Foram encontrados ontem mais dois corpos no Rio Solimões, o que eleva para 48 o número de mortos no naufrágio do Comandante Sales 2008, que ocorreu no dia 4. O barco naufragou nas proximidades de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus). Os corpos encontrados são de um homem e de uma mulher. Segundo informações da Marinha, a embarcação navegava irregularmente.
O Globo Navio de ajuda afunda em Mianmar
Mortos chegam a 28 mil e podem aumentar se alimentos não chegarem
RANGUN. Um barco da Cruz Vermelha que transportava arroz e água potável para as vítimas do ciclone Nargis afundou ontem, no mesmo dia em que especialistas alertavam para o risco de uma grande catástrofe humanitária em Mianmar caso as vítimas não recebessem alimentos. O número oficial de mortos alcançou 28 mil (ONGs dizem que pode chegar a 80 mil), mas, segundo autoridades humanitárias, poderia triplicar se a ajuda não chegasse logo.
O barco levava mantimentos para mais de mil pessoas e constituía o primeiro embarque da Cruz Vermelha para a área do desastre, informou a instituição. Os quatro funcionários que viajavam no barco nada sofreram.
O naufrágio é o mais recente retrocesso na distribuição de alimentos. Ainda que a ajuda internacional tenha começado a chegar lentamente, as autoridades locais proibiram a entrada de quase todos os profissionais estrangeiros. A junta militar que preside o país quer que a distribuição das doações seja feita pelo próprio governo.
O navio levava cem sacos de arroz, 1.300 galões de água potável, dez mil pastilhas para purificação de água e 30 caixas de roupas. O naufrágio ocorreu depois de um choque com um tronco. Pouca coisa se salvou.
A televisão estatal de Mianmar anunciou ontem que o número de mortos na tragédia subiu de cinco mil a 28.458, uma semana depois da passagem do ciclone pelas principais cidades do país.
A televisão estatal disse ainda que o número de desaparecidos baixou para 33.416. Para muitos especialistas em ajuda humanitária, os números poderiam aumentar consideravelmente.
- É vital que a população tenha acesso a recursos como água potável afim de evitar que ocorram mortes desnecessárias e sofrimento - afirmou a chefe regional da ONG Oxfam, Sarah Ireland. - Estão presentes todos os fatores necessários para que a situação se torne uma catástrofe de saúde pública, que poderia multiplicar o número de mortos por 15.
Corpos de mais duas vítimas de naufrágio são localizados
Pescadores localizaram ontem, no rio Solimões, mais dois corpos de passageiros do barco Comandante Sales, que naufragou no último dia 6, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), elevando para 48 o número de mortos no acidente.
Estima-se que ainda haja seis pessoas desaparecidas -o número é incerto porque o barco estava em situação irregular e não havia lista de passageiros. Ontem, o Corpo de Bombeiros informou que dois supostos passageiros que eram dados como desaparecidos estão vivos e não participaram da viagem.
A Defesa Civil de Manacapuru anunciou que a polícia investiga a suspeita de que dois tripulantes do barco estejam vivos. Eles são irmãos do dono da embarcação, morto no acidente.
"É quase certo que eles não tenham morrido, mas não estariam no município por temerem represálias", disse a secretária da Ação Social do município, Marta Régis.
Segundo os bombeiros, os dois corpos localizados ontem estavam a 80 quilômetros de distância um do outro. (KÁTIA BRASIL)
Folha de São Paulo SANTA CATARINA
Bombeiros cessam buscas por padre que voou em balões
Bombeiros encerraram ontem as buscas pelo padre Adelir Antônio de Carli, 41, desaparecido desde o dia 21, após levantar vôo amarrado a balões de festa, em Paranaguá (96 km de Curitiba).
Desde então, bombeiros voluntários de Penha (120 km de Florianópolis), região onde restos de balões usados pelo padre foram encontrados, trabalharam por mais de 20 dias seguidos em busca de pistas. Cerca de 90 bombeiros cumpriram 120 horas de buscas por terra, água e ar.
Ele fez o último contato por rádio, com bombeiros, em São Francisco do Sul (SC). "O que tinha que ser feito foi feito. Não acho que podemos localizá-lo nessa região", disse o comandante das operações, Johnny Coelho. Lanchas e helicópteros da polícia e de empresários foram usados nos trabalhos.
A Marinha já havia encerrado as buscas ao padre no último dia 26. Apesar do fim das buscas, integrantes da Pastoral Rodoviária, projeto de apoio a caminhoneiros idealizado pelo padre, afirmam ainda ter esperanças de que o religioso esteja vivo. (MATHEUS PICHONELLI)
Folha de São Paulo Barco ignora risco e viaja no escuro para fugir de fiscal
Folha fez viagem semelhante a que acabou em naufrágio no domingo passado. Barco com salva-vidas rasgados e sem lista de passageiros só saiu do porto irregular quando lanchas da Marinha foram embora
KÁTIA BRASIL
Cruzar os rios da Amazônia em barcos que ligam as cidades ribeirinhas é viver sob risco de naufrágio. Imprudentes, donos das embarcações driblam a fiscalização da Marinha com conivência de passageiros. Quem ousa reclamar perde o direito de seguir viagem.
No domingo passado, um barco superlotado e em situação irregular naufragou no rio Solimões, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus). Até ontem à tarde, 46 corpos de vítimas haviam sido resgatados. Dez pessoas ainda estariam desaparecidas.
Para verificar as condições dessas viagens, a reportagem tomou um barco em Manaus na última quinta-feira. O destino: Manacapuru, a cidade do acidente de domingo. Sete horas rio Solimões acima separavam os municípios.
O trajeto começa no maior porto irregular do Amazonas, as escadarias da avenida Manaus Moderna. Às margens do rio Negro, camelôs, carregadores, comerciantes de passagens e pescadores dividem espaço em um ambiente poluído.
A repórter e o repórter-fotográfico compram, por R$ 15 cada um, bilhetes para o percurso na embarcação Capitão Antônio. Com dois andares em madeira, o barco é semelhante ao acidentado no Solimões, o Comandante Sales.
Com início marcado para 17h, a viagem só começou às 18h15, quando duas lanchas da Marinha finalizaram o expediente. "As baratinhas [lanchas da Marinha] estão ali, vamos esperar um pouco", disse um passageiro a Argemiro Auzier, 63, o comandante do Capitão Antônio.
Tem lista de passageiros
Dentro do barco, com capacidade para 60 pessoas, outra irregularidade é notada logo no início da viagem: não havia lista dos 22 passageiros, que se acomodavam em redes atadas aos conveses.
O mesmo ocorreu com a embarcação Comandante Sales, daí a dificuldade de precisar o número de desaparecidos até agora.
Com cinco tripulantes e um cachorro, o Capitão Antônio tem apenas um banheiro, fétido. Carregava oito toneladas de mercadorias (abaixo da capacidade máxima, de 20 toneladas) entre alimentos e materiais de construção. Os salva-vidas, fabricados em 2003, estavam vencidos, sem apitos e rasgados.
Mesmo antes de desatracar, Auzier e o dono do barco, Antônio Macena, questionaram a Folha sobre o objetivo da reportagem. Preocupados, diziam não querer "problemas com a Marinha".
O comandante, único a conceder entrevista, disse que o barco estava em situação legal. Afirmou conhecer bem "99% dos rios do Amazonas". Para ele, acidentes como o de domingo passado só ocorrem por "imprudência do comandante, bebida e problemas no motor".
Durante o percurso, os procedimentos não foram o de uma viagem regular.
No escuro
Logo que escureceu, Macena mandou apagar as luzes do barco. O repórter-fotográfico acendeu uma lâmpada no convés superior, rapidamente desligada por outro passageiro.
No breu do rio Solimões, o barco fica quase invisível aos olhos dos fiscais. Até Manacapuru, o Capitão Antônio percorreu vilas, ultrapassou dezenas de embarcações, enfrentou ondas provocadas por outros barcos, bancos de areia e remoinhos sem acender as luzes dos conveses.
A única parada foi em Iranduba (25 km de Manaus), às 21h, para compra de gás, cervejas e refrigerantes em um porto flutuante.
A maior parte dos passageiros eram parentes da autônoma Waldilene da Silva, 29, que seguiam para uma festa em Caapiranga. Com exceção de duas adolescentes no grupo de 12 pessoas, todos bebiam sem parar ao som do brega, gênero popular no Norte do país. "Conhecemos o dono do barco e nos sentimos seguros", disse Waldilene.
Por volta da 1h30, o barco atracou em Manacapuru. Não havia qualquer fiscalização da Marinha. A reportagem desceu no porto.
Nas paredes do Capitão Antônio, sem informações sobre a empresa dona do barco ou dados sobre lotação, apenas uma placa com a frase: "Deus abençoe quem entra nesse barco, proteja quem fica e leva em paz quem sai".
Folha de São Paulo Barcos de porto ilegal levam 90% dos passageiros
No centro antigo da capital amazonense, as escadarias da avenida Manaus Moderna, às margens do rio Negro, formam o maior porto ilegal do Amazonas. É o ponto de partida da viagem feita pela Folha até Manacapuru, a 84 km dali. Estima-se que mil embarcações atraquem por dia no local. Elas transportam 90% dos 180 mil passageiros que trafegam por mês pelos rios Negro e Solimões, que formam o Amazonas.
Quando o rio Negro está cheio, passageiros têm de sujar os pés na água poluída, atravessar passarelas improvisadas de madeira e balsas para acessar os barcos. Nas passarelas, o que se vê é um entra-e-sai de gente à procura de embarcações, candidatos a passageiros que se misturam a camelôs, carregadores, barqueiros e pescadores. Todos trabalhando em condições insalubres.
As passagens são vendidas nos barcos ou em bancas ao longo da chamada Feira da Banana. Os destinos são os 62 municípios amazonenses, além de cidades no Pará e em Rondônia. Em cima das balsas, camelôs vendem lanches e bebidas alcóolicas. À noite, o local vira ponto de prostituição e de tráfico de drogas.
A 50 metros do ponto clandestino, fica um porto legal, a Estação Hidroviária do Porto de Manaus, que atende somente 4.775 passageiros por mês. Como as passagens ali são mais caras, os clientes preferem as escadarias da Manaus Moderna, onde os barcos atracados não pagam taxas.
A diferença de preço das passagens nos dois portos chega a 20%. Para Coari (370 km de Manaus), por exemplo, o bilhete sai por R$ 72 no porto, contra R$ 60 nas escadarias.
"Infelizmente isso [predomínio do transporte informal] é uma realidade cultural e social", afirma Carlos Alexandre De Carli, diretor-presidente do Porto de Manaus.
Folha de São Paulo Em choque, sobrevivente não se lembra de nomes nem idade
O jovem que foi resgatado 24 horas após o naufrágio do barco Comandante Sales, no rio Solimões, em Manacapuru (AM), na madrugada do último domingo, ainda está em estado de choque. Esquece a data do nascimento, os nomes dos amigos.
A reportagem o encontrou em casa na última sexta, onde agora ele passa a maior parte do tempo.
Leandro Souza Monteiro, 22, foi achado por pescadores agarrado a uma moita de capim no rio. No momento, disse que tinha 18 anos. "Não lembro a data do meu nascimento."
O rapaz é trabalhador rural e estudou até a terceira série do ensino fundamental. Mora numa palafita na periferia. Sua mãe, Sandra Monteiro, 40, e a irmã, Alessandra, 17, chegaram a procurá-lo no IML (Instituto Médico Legal) em Manaus. Ele foi encontrado vivo na segunda.
Disse que viajava na proa do barco. "Não estava chovendo. Quando passamos no rebojo [remoinho], o barco virou. Pulei, comecei a nadar, fui parar na moita de capim. Foi minha salvação."
Monteiro afirmou que não se feriu nem foi mordido por peixes. "Fiquei agarrado ao capim. Só lembrava da minha mãe. Pedi por Deus. Tinha hora que eu não sabia o que fazer", disse ele, que não bebeu água do rio e ficou debaixo de "muito sol". "Estava muito cansado. Senti muita fome e muita sede."
O rapaz calcula que passava das 13h de segunda quando foi encontrado. "Comecei a chorar. Nunca mais vou esquecer isso, nasci de novo."
Monteiro estima que muitos passageiros morreram porque estavam em pé no convés superior. Dez pessoas ainda estão desaparecidas, segundo a Marinha. Entre elas, Sherllys Cruz, 18, que o pai, o vendedor de churrasquinho Alcemir, ainda procurava na última sexta. (KB)
Jornal do Brasil Número de mortos chega a 48
Mais dois corpos de passageiros são encontrados nas águas do Solimões
Mais dois corpos de vítimas do naufrágio ocorrido no rio Solimões (AM), no último dia 4, foram encontrados ontem. Os corpos são de um homem e uma mulher. Os corpos serão encaminhados ao Instituto Médico Legal do Amazonas, onde as famílias dos desaparecidos deverão realizar o reconhecimento. Se confirmadas as identidades dos dois corpos encontrados, cai para 5 o número de desaparecidos, e sobe para 48 o número de corpos resgatados até o momento.
Segundo José Melo, secretário estadual de Governo, três pessoas que tinham seus nomes na lista de desaparecidos não estavam na embarcação, e foram encontradas ainda com vida.
O acidente aconteceu na localidade de Lago do Pesqueiro, na cidade de Manacapuru, a 84 km a oeste de Manaus, aproximadamente 20 minutos depois que a embarcação Comandante Sales 2008 partiu de Lago, onde ocorria uma Festa do Divino. O barco tombou para um lado e foi invadido pela água.
De acordo com o coronel Roberto Rocha, da Defesa Civil estadual, as buscas devem continuar até terça-feira.
Na última quinta-feira, o delegado Antônio Rodrigues, responsável pelo caso, confirmou que há indícios de que o acidente tenha sido causado por excesso de pessoas na embarcação.
– Há pessoas que disseram ter até 150 passageiros – afirmou.
A capacidade do Comandante Sales, um barco de madeira com dois andares e cerca de 20 metros de comprimento, era de 50 pessoas. A embarcação não estava regularizada na Capitania dos Portos.
Segundo ele, todos os sobreviventes relatam superlotação no barco.
O Estado de São Paulo Liberada rodovia bloqueada pelos índios em RR
PF obedece a decisão do Supremo e desmonta barreira feita por grupo que exige a expulsão dos arrozeiros
Loide Gomes
A Polícia Federal liberou ontem a Rodovia RR-319, na terra indígena Raposa Serra do Sol, a 105 quilômetros de Boa Vista, que estava bloqueada desde segunda-feira por indígenas que exigem a expulsão dos arrozeiros da reserva. A ação da PF atendeu a uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto ao Ministério da Justiça.
O procurador-geral de Roraima, Luciano Queiroz, disse que entrou com ação no STF, em nome do Estado, sábado. “E o ministro despachou às 21 horas, de sua casa, em Brasília.” Britto é relator das ações no STF que contestam a homologação da Raposa Serra do Sol em área contínua, o que obrigaria à retirada de todos os não-índios. O governo de Roraima quer a reserva em ilhas, com preservação das fazendas de arroz.
No momento em que a PF cumpria a determinação do STF, o juiz Helder Girão Barreto, da Justiça Federal de Roraima, ordenou a liberação da rodovia, conhecida como Transarrozeira. Ele concedeu liminar em ação ajuizada pelo arrozeiro Ivo Barilli, dono da Fazenda Tatu, que fica a 25 quilômetros da barreira e estava isolada.
Barilli não podia transportar de insumos e sementes para a fazenda nem retirar sacas de arroz. Ele tinha cinco carretas paradas na rodovia e calculava que 2.500 sacas de arroz já tinham sido perdidas. Ontem à noite mesmo o arrozeiro conseguiu entrar na fazenda e as carretas foram para Boa Vista.
À tarde, o superintendente da PF, José Maria Fonseca, já fora até a barreira para negociar. Segundo Fonseca, os índios exigiram mais policiamento para evitar tráfego de pessoas armadas e “disseram que há pessoas transitando com carabinas, em caminhonetes.” Ele informou que vai reforçar o efetivo da PF num posto na área.
O procurador-geral de Roraima contou que pediu ainda ao STF que proíba novos bloqueios até a decisão definitiva sobre as ações que contestam a Serra do Sol, que deve sair em duas semanas. “Se o próprio poder estatal foi proibido de retirar não-índios da reserva, alguns índios não podem se revestir do poder de polícia, obstruir uma rodovia e impedir o direito de ir e vir em área que ainda não foi definida se é ou não terra indígena.” Queiroz disse que entrou com ação pedindo o desbloqueio depois de tentativas fracassadas de acordo com os índios.
A tensão cresceu na região durante a semana. Além da barreira, funcionários da Fazenda Depósito dispararam contra índios que tentavam ocupar uma área na terça-feira, ferindo nove deles. O dono da fazenda, Paulo César Quartiero, foi preso e levado a Brasília. Ele é prefeito de Pacaraima e líder dos arrozeiros. Sua prisão provocou protestos de índios contrários à reserva. Surumu, distrito de Pacaraima, foi um dos locais que recebeu reforço da PF e da Força Nacional de Segurança.
O Estado de São Paulo MANACAPURU – AM
Número de mortos sobe para 48
Foram encontrados ontem mais dois corpos no Rio Solimões, o que eleva para 48 o número de mortos no naufrágio do Comandante Sales 2008, que ocorreu no dia 4. O barco naufragou nas proximidades de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus). Os corpos encontrados são de um homem e de uma mulher. Segundo informações da Marinha, a embarcação navegava irregularmente.
O Globo Navio de ajuda afunda em Mianmar
Mortos chegam a 28 mil e podem aumentar se alimentos não chegarem
RANGUN. Um barco da Cruz Vermelha que transportava arroz e água potável para as vítimas do ciclone Nargis afundou ontem, no mesmo dia em que especialistas alertavam para o risco de uma grande catástrofe humanitária em Mianmar caso as vítimas não recebessem alimentos. O número oficial de mortos alcançou 28 mil (ONGs dizem que pode chegar a 80 mil), mas, segundo autoridades humanitárias, poderia triplicar se a ajuda não chegasse logo.
O barco levava mantimentos para mais de mil pessoas e constituía o primeiro embarque da Cruz Vermelha para a área do desastre, informou a instituição. Os quatro funcionários que viajavam no barco nada sofreram.
O naufrágio é o mais recente retrocesso na distribuição de alimentos. Ainda que a ajuda internacional tenha começado a chegar lentamente, as autoridades locais proibiram a entrada de quase todos os profissionais estrangeiros. A junta militar que preside o país quer que a distribuição das doações seja feita pelo próprio governo.
O navio levava cem sacos de arroz, 1.300 galões de água potável, dez mil pastilhas para purificação de água e 30 caixas de roupas. O naufrágio ocorreu depois de um choque com um tronco. Pouca coisa se salvou.
A televisão estatal de Mianmar anunciou ontem que o número de mortos na tragédia subiu de cinco mil a 28.458, uma semana depois da passagem do ciclone pelas principais cidades do país.
A televisão estatal disse ainda que o número de desaparecidos baixou para 33.416. Para muitos especialistas em ajuda humanitária, os números poderiam aumentar consideravelmente.
- É vital que a população tenha acesso a recursos como água potável afim de evitar que ocorram mortes desnecessárias e sofrimento - afirmou a chefe regional da ONG Oxfam, Sarah Ireland. - Estão presentes todos os fatores necessários para que a situação se torne uma catástrofe de saúde pública, que poderia multiplicar o número de mortos por 15.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Outros exercícios
Nelson de Sá
Não é só com a Marinha dos EUA que o Brasil faz operações no Atlântico Sul. Os indianos "Hindu" e "Economic Times" deram que "o eixo trilateral" Índia, Brasil e África do Sul iniciou na segunda um exercício naval de dez dias, na costa da Cidade do Cabo. Envolvendo navios, submarinos e aviões, "visa a enfrentar o terrorismo no mar".
Folha de São Paulo Antes de sair, Putin fecha acordo nuclear com EUA
Presidente russo entrega hoje o cargo a Medvedev
Um dia antes de entregar o cargo de presidente da Rússia ao aliado Dmitri Medvedev, Vladimir Putin tomou ontem mais uma medida estratégica de última hora ao assinar um acordo de cooperação nuclear civil com os Estados Unidos.
O documento abre uma nova era na parceria tecnológica e comercial russo-americana e sinaliza um apaziguamento na relação bilateral, abalada entre outras razões pela recusa de Moscou em confrontar o programa nuclear iraniano.
O principal objetivo do acordo é ampliar o comércio nuclear bilateral entre empresas das duas maiores potências atômicas do mundo, abrindo caminho para a criação de joint ventures no setor.
O acordo facilitará o acesso dos americanos a enormes reservas de urânio na Rússia e permitirá aos russos penetrarem no mercado de energia nuclear dos EUA. Até agora, a Rússia não tinha acesso direto a esse atrativo segmento de negócios nos EUA.
O pacto também pode ajudar a Rússia a estabelecer uma instalação internacional para estocar combustível nuclear. Haveria dificuldade para fazer isso sem o apoio dos EUA, país que controla a maior parte do combustível nuclear mundial.
"O valor potencial desse acordo é o valor de todos os contratos que podem ser assinados entre as empresas dos dois países na esfera nuclear, que é obviamente de bilhões de dólares", disse uma fonte russa.
Em outra decisão estratégica tomada às vésperas de entregar o cargo, Putin havia promulgado anteontem uma lei que restringe os investimentos estrangeiros em setores estratégicos da economia nacional, como a indústria de armamento e os meios de comunicação.
Segundo a nova lei, as companhias estrangeiras precisarão de autorização oficial para poder comprar mais de 50% das ações de uma companhia estratégica russa.
Herança
Proibido por lei de concorrer a um terceiro mandato, Putin, 55, deixa hoje a Presidência russa após oito anos de gestão com aprovação de 70%. Ele é considerado responsável pelo fim do caos causado pela desintegração da União Soviética e mentor da recuperação da Rússia como potência geopolítica.
Putin continuará tendo grande influência na política russa, já que ele será o primeiro-ministro de Medvedev, que será empossado hoje em grandiosa cerimônia no Kremlin.
Com agências internacionais
Folha de São Paulo Painel do Leitor
Exército
"A respeito do artigo "Em busca da crise" (Brasil, 24/4), o Centro de Comunicação Social do Exército ressalta que o Brasil tem um histórico respeitável no que diz respeito à participação em missões de paz.
Essa participação inclui desde o envio de observadores e assessores militares até a participação mais efetiva com contingentes militares completos, como é o caso no Haiti.
O contingente brasileiro no Haiti é substituído a cada período de seis meses, conforme memorandos de entendimento entre as partes envolvidas e a ONU. A missão não tem prazo previsto para término. Ela é renovada a cada contingente, de acordo com a solicitação do Haiti, a aprovação da ONU e a aceitação por parte do governo brasileiro. Em maio próximo, terá início o rodízio do oitavo para o nono contingente.
Quanto ao cargo de "Force Commander", citado no artigo, que vem sendo exercido por brasileiros desde o início da missão no Haiti, o período de permanência previsto pela ONU -assim como de outros assessores de origem multinacional- é de um ano, diferentemente do da tropa. Em casos excepcionais, e quando solicitado pela a ONU, há a permanência do oficial-general além daquele prazo.
As atividades realizadas pelos brasileiros integrantes do Exército representam um esforço histórico de cooperação do país com a paz mundial. A missão no Haiti é a única -entre aquelas da ONU que visam à imposição de paz- que detém alto índice de aprovação por parte da população local (cerca de 78%)."
ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHO, general-de-divisão, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Janio de Freitas
- Não há, no artigo citado, uma só palavra contrária ou a respeito dos conceitos contidos na carta acima.
Jornal do Brasil Naufrágio já matou 34 no Rio Solimões
Passageiros desaparecidos ainda são cerca de 20, s
MANAUS
Subiu para 34 o número de mortos no naufrágio do barco Comandante Sales, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), na madrugada de domingo. Somente ontem 17 corpos foram localizados nos rios Solimões e Amazonas. De acordo com a Polícia Civil, ainda há de 10 a 20 pessoas desaparecidas. As vítimas localizadas até agora são 17 homens, 16 mulheres e um menino de cerca de um ano.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio dos Santos, disse que já era esperado que mais corpos começassem a boiar após 48 horas do acidente, já que as águas do rio Solimões são frias, o que favorece a conservação dos cadáveres.
– Em águas mais quentes a deterioração do corpo é maior e eles vão à tona em cerca de 24 horas – explicou Santos.
A maior parte dos corpos foi encontrada na região onde o barco de madeira tombou. Dois dos corpos, contudo, foram localizados a cerca de 50 km do local do naufrágio, já no rio Amazonas, nas imediações de Manaus.
Por conta da localização distante desses corpos, equipes de buscas montaram uma barreira' com lanchas no local para tentar evitar, visualmente, que corpos sejam levados pela correnteza do rio. O raio das buscas foi estendido para até 60 km do ponto do acidente.
Ontem, cerca de cem integrantes da Marinha e do Corpo de Bombeiros trabalhavam nas buscas. Um helicóptero da Marinha também foi usado na operação.
Até o início da noite, apenas os 17 corpos localizados entre o último domingo e segunda-feira haviam sido identificados. Os outros 17 permaneciam no Instituto Médico Legal em Manaus, para reconhecimento.
Investigação
O delegado Antônio Rodrigues disse que peritos iniciam hoje a perícia no barco, que possui dois andares e cerca de 20 metros de comprimento. Segundo o delegado, a causa mais provável do acidente foi excesso de passageiros, o que teria impossibilitado a embarcação de passar por um remoinho (movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos), causando seu tombamento.
A capacidade do barco era de 50 pessoas. De acordo com estimativas do Corpo de Bombeiros, estaria transportando cerca de 80 no momento do acidente. A maioria participava de uma festa religiosa na comunidade Lago do Pesqueiro. Segundo a Marinha, o barco estava em situação irregular.
Segundo Rodrigues, ainda é difícil saber quantas pessoas sobreviveram ao acidente, devido ao grande número de barcos que ajudaram no resgate. A estimativa, segundo ele, é de cerca de 50 sobreviventes.
Jornal do Brasil Bahia: destroços do bimotor são achados
Equipes de resgate confirmaram ontem ter encontrado destroços do bimotor Cessna C-130 Q desaparecido desde o final da tarde de sexta-feira no litoral sul da Bahia. A aeronave transportava quatro empresários ingleses, além do piloto e do co-piloto. Ninguém foi encontrado. Segundo o capitão da PM e coordenador da operação de busca por terra, os objetos foram guardados e examinados na manhã de ontem. As buscas aos passageiros e tripulantes foram retomadas hoje, com ajuda da Marinha
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Alto comando /Temporão no Senado/Ano polar
Gilberto Amaral
Alto comando
Foi transferida para o fim de maio, a reunião do Alto Comando do Exército. O comandante Enzo Martins Peri vai tratar com os quatro-estrelas de assuntos administrativos. Na próxima reunião deverá haver promoções.
Temporão no Senado
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, vai hoje ao Senado fazer uma prestação de contas sobre as iniciativas de seu ministério na luta de combate à dengue em território nacional.
No caso específico do Rio, há que se reconhecer o esforço das Forças Armadas, junto com os setores diretamente responsáveis do governo, para conseguir o controle do surto epidêmico.
Ano polar
O Congresso realiza sessão solene conjunta, nesta quinta-feira, às 10h, para comemorar a primeira participação do Brasil no 4º Ano Polar Internacional, que reúne um conjunto de ações científicas no Ártico e na Antártica. O programa envolve mais de 200 projetos, com milhares de cientistas de mais de 60 países que analisam uma série de tópicos nas áreas da física, da biologia e da pesquisa social
O Estado de São Paulo Chegam a 34 os mortos em naufrágio
MPE diz que pode bloquear bens de donos para pagar indenizações; Lula diz que ‘ganância’ causou tragédia
André Alves
O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, afirmou ontem que o número de vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales 2008 pode chegar a 50. Até ontem, 34 corpos haviam sido resgatados. Após o cruzamento de dados colhidos pelo serviço social da prefeitura com informações da Polícia Civil, chegou-se à conclusão de que ainda há pelo menos 20 pessoas desaparecidas.
Ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Marinha encontraram mais 17 corpos (6 mulheres, 10 homens e 1 criança do sexo masculino). Desses, 2 foram encontrados flutuando no encontro das águas dos Rios Negro e Solimões, a pelo menos 30 quilômetros do local do acidente. As equipes de resgate trabalham numa extensão de 60 quilômetros à procura dos corpos de outras vítimas.
“Os corpos estão começando a boiar” , comentou o prefeito de Manacapuru, cidade onde residiam todas as vítimas do acidente. Na tarde de segunda-feira, 17 pessoas foram sepultadas no município. O barco Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do domingo, no Rio Solimões, interior do Amazonas.
Promotores do Ministério Público do Amazonas anunciaram que vão acompanhar as investigações sobre as causas do naufrágio. A apuração está sendo conduzida pela Capitania dos Portos e pela 1ª Delegacia Regional de Manacapuru. Um dos representantes da comissão, o promotor Agnaldo Concy, lamentou a falta de dados precisos sobre o número de passageiros do barco. “Até o momento, o único número de que dispomos é o de vítimas registradas no IML (Instituto Médico-Legal).”
Concy ressaltou que esses dados “são importantíssimos” para ajudar as famílias das vítimas a requererem indenização dos proprietários do barco. Um deles, Francisco Sales, morreu no acidente. Segundo o MPE, os bens de Sales podem ser bloqueados pela Justiça e posteriormente repassados às famílias. Estima-se que 80 a 100 pessoas estivessem na embarcação no momento do acidente.
Em visita oficial ao Amazonas, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os próprios passageiros de embarcações exijam segurança, embora tenha admitido que já viajou em embarcações “com caixa-d’água com peixe, bode, cavalo, com um palmo de água pra entrar, com tudo dentro”. “Mas as pessoas precisam autofiscalizar-se. Ninguém pode jogar sua vida numa embarcação que não tenha as condições adequadas”, afirmou. “Quando um cidadão ganancioso pensa em ganhar dinheiro alugando um barco, colocando mais gente do que deveria colocar, sem a segurança ideal, esse cidadão está cometendo crime contra o povo.”
O Estado de São Paulo Venezuela busca compra de submarinos da Rússia
Roberto Godoy
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, vai assinar essa semana, em Moscou, o contrato inicial de US$ 800 milhões para a compra dos primeiros quatro submarinos, de um provável lote de nove modelos da classe Kilo-2, considerados “muito silenciosos e furtivos”, de acordo com o chefe do estaleiro Rubin, engenheiro Yuri Kormilitsin.
A negociação foi anunciada pelo principal jornal de economia do país, o Kommersant. Chávez está na Rússia para assistir à posse, hoje, do novo presidente, Dmitri Medvedev (leia na pág. 14).
O valor total estimado da operação é de US$ 2,4 bilhão, com o armamento e o recheio eletrônico. A agência russa para venda de equipamentos e sistemas militares, a Rosoboronexport, admitiu as “discussões comerciais”. O Kilo 2-636 é a última geração de uma herança da Guerra Fria. Na prática, é um novo navio de combate. É um modelo médio, que desloca 4.000 toneladas submerso, e veloz, operando na faixa de 25 nós, com autonomia de 13,5 mil km. Não há igual na América Latina - mesmo o novo submarino convencional brasileiro, o francês Scórpene, é menor, com 1.700 toneladas. O armamento é composto por 20 torpedos de 533 mm, 24 minas e 18 mísseis: 16 antiaéreos leves Igla e Strela, para atingir alvos voando baixo, entre 4,2 km e 5,5 km; mais 2 Oniks, de cruzeiro.
Duas das seis câmaras disparadoras dianteiras foram preparadas para receber o torpedo de alto desempenho e médio alcance Shkval-E. Lançado dentro de uma de bolha de ar comprimido, viaja por 13 km levando 210 quilos de explosivos a 400 km/h.
O Globo Amorim: continente rejeita separatismo
Em nome dos vizinhos, chanceler diz que autonomia na Bolívia deve ser negociada com o governo
Eliane Oliveira*
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, após se reunir com o chanceler uruguaio, Gonzalo Fernández, que as nações sul-americanas jamais aceitariam o separatismo na Bolívia, como resultado do referendo realizado no último domingo em Santa Cruz e dos que estão por vir em outros departamentos. A autonomia, defendeu o ministro, deve ser negociada com La Paz.
- Não creio que haja separatismo. Até porque a América do Sul não aceitaria isso - disse Amorim.
Ele frisou que o Brasil não se posicionaria contra o desejo de autonomia, desde que se respeitem os princípios constitucionais e seja da vontade do povo boliviano. Segundo o ministro, é preciso que o estatuto que foi votado em Santa Cruz esteja de acordo com a Constituição em vigor no país.
O ministro defendeu um amplo acordo na Bolívia.
- É perfeitamente possível restabelecer o diálogo com a ajuda da Igreja, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos países amigos - disse Amorim, referindo-se ao Grupo de Amigos da Bolívia, formado por Brasil, Argentina e Colômbia. - O que temos que fazer é trabalhar de maneira coordenada, para irmos todos no mesmo sentido. Neste momento, temos de encontrar uma maneira de restabelecer o diálogo e é nisso que estamos empenhados. Mas com discrição, sem impor nada. Não podemos nos esquecer de que, nesse caso, o grupo de amigos foi uma sugestão inicial do próprio governo boliviano.
União Européia mostra sintonia com o Brasil
Indagado se, com a realização do referendo em Santa Cruz, um acordo não teria ficado ainda mais difícil, o chanceler brasileiro respondeu:
- O referendo já passou. Não adianta ficar pensando se é mais fácil ou menos fácil. A Bolívia é um país com o qual temos que trabalhar com as unidades nacionais. Agora, tem que haver diálogo.
Para Amorim, os eventos em Santa Cruz foram muito menos dramáticos do que o imaginado.
A União Européia (UE) também está preocupada com a tensão política, informou ontem a comissária de Relações Exteriores do bloco, Benita Ferrero-Waldner. Numa videoconferência sobre a Cúpula UE/América Latina e Caribe, marcada para este mês em Lima, no Peru, ela manifestou disposição de facilitar a aproximação entre o governo boliviano e as regiões opositoras.
- Fazemos votos para que todos os esforços, seja da Igreja, da Organização dos Estados Americanos e dos enviados do grupo de países amigos, realmente façam algo para fomentar este diálogo e que tenham êxito - disse Ferrero-Waldner, em sintonia com o Brasil.
*COLABOROU Geralda Doca
O Globo Rio reúne caçadores de ciclones
Evento este mês será o primeiro a dedicado a supertempestades no Atlântico Sul
Ana Lucia Azevedo
Ciclones extratropicais como o que deixou milhares de desabrigados e trouxe a primeira neve do ano no Sul do Brasil esta semana não são raros no país, diferentemente do que muita gente pensa. Porém, eles não são previstos com muita segurança em prazos superiores a cinco dias, o que poderia evitar mortes e prejuízos. Mas melhorar a previsão e traçar planos de redução de danos são as metas do Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul, que acontecerá no Rio de 19 a 21 de maio.
O evento será o primeiro a reunir somente especialistas nas chamadas tempestades severas para discutir o Atlântico Sul, muito menos conhecido e monitorado do que o Norte, vigiado por satélites, radares e bóias oceanográficas americanos e europeus. Por tempestade severa entenda-se fenômenos como ciclones, tornados, furacões e todo tipo de tempestade de alto poder destrutivo.
- Reuniremos especialistas do Brasil, de países do Cone Sul, da Austrália e dos Estados Unidos - diz o coordenador do encontro, Isimar de Azevedo Santos, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Um desses especialistas é Manoel Alonso Gan, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. Gan participa de um programa para desenvolver um modelo capaz de prever que um ciclone destrutivo está a caminho, com antecedência de uma semana a dez dias. Ele é o representante do Brasil no programa Thorpex, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Thorpex tem como meta melhorar a previsão de eventos climáticos extremos em todo o mundo e há dois anos criou um comitê para o Hemisfério Sul.
- Prevemos quando um ciclone vai se formar com até quatro dias de antecedência. Mas isso não é suficiente para evitar danos muito extensos. Se um agricultor soubesse com antecipação maior que será atingido por uma geada, poderá antecipar a colheita e reduzir o prejuízo - explica Gan, um estudioso do Catarina, o único furacão registrado no Atlântico Sul e que em março de 2004 atingiu Santa Catarina.
Para isso, é preciso investimento em equipamentos - satélites, bóias oceânicas, radares, sensores em aviões e balões climatológicos, por exemplo. E é necessário aperfeiçoar os modelos matemáticos usados para prever o tempo. Engana-se quem imagina que caçar tempestades é trabalho de fiscal da natureza. Olhos eletrônicos de satélites, sensores e radares fazem esse serviço. Meteorologistas e climatologistas lidam com números. Desenvolvem e analisam modelos que transformam em números os fenômenos climáticos. E a matemática do clima ainda se enrola nas contas quando se trata de prever fenômenos como os ciclones, nos quais uma série quase infindável de elementos, como detalhes de vento, oceanos e atmosfera, estão envolvidos.
- No Brasil há poucos radares, fundamentais para prever fenômenos extremos. E devemos refinar nossos modelos, para que antecipem a formação de um ciclone, contando com dados preliminares - diz Gan.
Santos observa que num cenário de aquecimento global, em que o painel climático da ONU prevê o aumento da intensidade e da freqüência de supertempestades, esse tipo de previsão salvará vidas.
- Esse conhecimento é importante para planejamento urbano, navegação, atividades portuárias, prospecção de petróleo e turismo, por exemplo - diz Santos, coordenador do projeto "Estudo de Ciclones no Atlântico Sul e Impactos na Costa do Estado do Rio de Janeiro (Ciclones), apoiado pela Finep.
Nelson de Sá
Não é só com a Marinha dos EUA que o Brasil faz operações no Atlântico Sul. Os indianos "Hindu" e "Economic Times" deram que "o eixo trilateral" Índia, Brasil e África do Sul iniciou na segunda um exercício naval de dez dias, na costa da Cidade do Cabo. Envolvendo navios, submarinos e aviões, "visa a enfrentar o terrorismo no mar".
Folha de São Paulo Antes de sair, Putin fecha acordo nuclear com EUA
Presidente russo entrega hoje o cargo a Medvedev
Um dia antes de entregar o cargo de presidente da Rússia ao aliado Dmitri Medvedev, Vladimir Putin tomou ontem mais uma medida estratégica de última hora ao assinar um acordo de cooperação nuclear civil com os Estados Unidos.
O documento abre uma nova era na parceria tecnológica e comercial russo-americana e sinaliza um apaziguamento na relação bilateral, abalada entre outras razões pela recusa de Moscou em confrontar o programa nuclear iraniano.
O principal objetivo do acordo é ampliar o comércio nuclear bilateral entre empresas das duas maiores potências atômicas do mundo, abrindo caminho para a criação de joint ventures no setor.
O acordo facilitará o acesso dos americanos a enormes reservas de urânio na Rússia e permitirá aos russos penetrarem no mercado de energia nuclear dos EUA. Até agora, a Rússia não tinha acesso direto a esse atrativo segmento de negócios nos EUA.
O pacto também pode ajudar a Rússia a estabelecer uma instalação internacional para estocar combustível nuclear. Haveria dificuldade para fazer isso sem o apoio dos EUA, país que controla a maior parte do combustível nuclear mundial.
"O valor potencial desse acordo é o valor de todos os contratos que podem ser assinados entre as empresas dos dois países na esfera nuclear, que é obviamente de bilhões de dólares", disse uma fonte russa.
Em outra decisão estratégica tomada às vésperas de entregar o cargo, Putin havia promulgado anteontem uma lei que restringe os investimentos estrangeiros em setores estratégicos da economia nacional, como a indústria de armamento e os meios de comunicação.
Segundo a nova lei, as companhias estrangeiras precisarão de autorização oficial para poder comprar mais de 50% das ações de uma companhia estratégica russa.
Herança
Proibido por lei de concorrer a um terceiro mandato, Putin, 55, deixa hoje a Presidência russa após oito anos de gestão com aprovação de 70%. Ele é considerado responsável pelo fim do caos causado pela desintegração da União Soviética e mentor da recuperação da Rússia como potência geopolítica.
Putin continuará tendo grande influência na política russa, já que ele será o primeiro-ministro de Medvedev, que será empossado hoje em grandiosa cerimônia no Kremlin.
Com agências internacionais
Folha de São Paulo Painel do Leitor
Exército
"A respeito do artigo "Em busca da crise" (Brasil, 24/4), o Centro de Comunicação Social do Exército ressalta que o Brasil tem um histórico respeitável no que diz respeito à participação em missões de paz.
Essa participação inclui desde o envio de observadores e assessores militares até a participação mais efetiva com contingentes militares completos, como é o caso no Haiti.
O contingente brasileiro no Haiti é substituído a cada período de seis meses, conforme memorandos de entendimento entre as partes envolvidas e a ONU. A missão não tem prazo previsto para término. Ela é renovada a cada contingente, de acordo com a solicitação do Haiti, a aprovação da ONU e a aceitação por parte do governo brasileiro. Em maio próximo, terá início o rodízio do oitavo para o nono contingente.
Quanto ao cargo de "Force Commander", citado no artigo, que vem sendo exercido por brasileiros desde o início da missão no Haiti, o período de permanência previsto pela ONU -assim como de outros assessores de origem multinacional- é de um ano, diferentemente do da tropa. Em casos excepcionais, e quando solicitado pela a ONU, há a permanência do oficial-general além daquele prazo.
As atividades realizadas pelos brasileiros integrantes do Exército representam um esforço histórico de cooperação do país com a paz mundial. A missão no Haiti é a única -entre aquelas da ONU que visam à imposição de paz- que detém alto índice de aprovação por parte da população local (cerca de 78%)."
ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHO, general-de-divisão, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Janio de Freitas
- Não há, no artigo citado, uma só palavra contrária ou a respeito dos conceitos contidos na carta acima.
Jornal do Brasil Naufrágio já matou 34 no Rio Solimões
Passageiros desaparecidos ainda são cerca de 20, s
MANAUS
Subiu para 34 o número de mortos no naufrágio do barco Comandante Sales, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), na madrugada de domingo. Somente ontem 17 corpos foram localizados nos rios Solimões e Amazonas. De acordo com a Polícia Civil, ainda há de 10 a 20 pessoas desaparecidas. As vítimas localizadas até agora são 17 homens, 16 mulheres e um menino de cerca de um ano.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio dos Santos, disse que já era esperado que mais corpos começassem a boiar após 48 horas do acidente, já que as águas do rio Solimões são frias, o que favorece a conservação dos cadáveres.
– Em águas mais quentes a deterioração do corpo é maior e eles vão à tona em cerca de 24 horas – explicou Santos.
A maior parte dos corpos foi encontrada na região onde o barco de madeira tombou. Dois dos corpos, contudo, foram localizados a cerca de 50 km do local do naufrágio, já no rio Amazonas, nas imediações de Manaus.
Por conta da localização distante desses corpos, equipes de buscas montaram uma barreira' com lanchas no local para tentar evitar, visualmente, que corpos sejam levados pela correnteza do rio. O raio das buscas foi estendido para até 60 km do ponto do acidente.
Ontem, cerca de cem integrantes da Marinha e do Corpo de Bombeiros trabalhavam nas buscas. Um helicóptero da Marinha também foi usado na operação.
Até o início da noite, apenas os 17 corpos localizados entre o último domingo e segunda-feira haviam sido identificados. Os outros 17 permaneciam no Instituto Médico Legal em Manaus, para reconhecimento.
Investigação
O delegado Antônio Rodrigues disse que peritos iniciam hoje a perícia no barco, que possui dois andares e cerca de 20 metros de comprimento. Segundo o delegado, a causa mais provável do acidente foi excesso de passageiros, o que teria impossibilitado a embarcação de passar por um remoinho (movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos), causando seu tombamento.
A capacidade do barco era de 50 pessoas. De acordo com estimativas do Corpo de Bombeiros, estaria transportando cerca de 80 no momento do acidente. A maioria participava de uma festa religiosa na comunidade Lago do Pesqueiro. Segundo a Marinha, o barco estava em situação irregular.
Segundo Rodrigues, ainda é difícil saber quantas pessoas sobreviveram ao acidente, devido ao grande número de barcos que ajudaram no resgate. A estimativa, segundo ele, é de cerca de 50 sobreviventes.
Jornal do Brasil Bahia: destroços do bimotor são achados
Equipes de resgate confirmaram ontem ter encontrado destroços do bimotor Cessna C-130 Q desaparecido desde o final da tarde de sexta-feira no litoral sul da Bahia. A aeronave transportava quatro empresários ingleses, além do piloto e do co-piloto. Ninguém foi encontrado. Segundo o capitão da PM e coordenador da operação de busca por terra, os objetos foram guardados e examinados na manhã de ontem. As buscas aos passageiros e tripulantes foram retomadas hoje, com ajuda da Marinha
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Alto comando /Temporão no Senado/Ano polar
Gilberto Amaral
Alto comando
Foi transferida para o fim de maio, a reunião do Alto Comando do Exército. O comandante Enzo Martins Peri vai tratar com os quatro-estrelas de assuntos administrativos. Na próxima reunião deverá haver promoções.
Temporão no Senado
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, vai hoje ao Senado fazer uma prestação de contas sobre as iniciativas de seu ministério na luta de combate à dengue em território nacional.
No caso específico do Rio, há que se reconhecer o esforço das Forças Armadas, junto com os setores diretamente responsáveis do governo, para conseguir o controle do surto epidêmico.
Ano polar
O Congresso realiza sessão solene conjunta, nesta quinta-feira, às 10h, para comemorar a primeira participação do Brasil no 4º Ano Polar Internacional, que reúne um conjunto de ações científicas no Ártico e na Antártica. O programa envolve mais de 200 projetos, com milhares de cientistas de mais de 60 países que analisam uma série de tópicos nas áreas da física, da biologia e da pesquisa social
O Estado de São Paulo Chegam a 34 os mortos em naufrágio
MPE diz que pode bloquear bens de donos para pagar indenizações; Lula diz que ‘ganância’ causou tragédia
André Alves
O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, afirmou ontem que o número de vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales 2008 pode chegar a 50. Até ontem, 34 corpos haviam sido resgatados. Após o cruzamento de dados colhidos pelo serviço social da prefeitura com informações da Polícia Civil, chegou-se à conclusão de que ainda há pelo menos 20 pessoas desaparecidas.
Ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Marinha encontraram mais 17 corpos (6 mulheres, 10 homens e 1 criança do sexo masculino). Desses, 2 foram encontrados flutuando no encontro das águas dos Rios Negro e Solimões, a pelo menos 30 quilômetros do local do acidente. As equipes de resgate trabalham numa extensão de 60 quilômetros à procura dos corpos de outras vítimas.
“Os corpos estão começando a boiar” , comentou o prefeito de Manacapuru, cidade onde residiam todas as vítimas do acidente. Na tarde de segunda-feira, 17 pessoas foram sepultadas no município. O barco Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do domingo, no Rio Solimões, interior do Amazonas.
Promotores do Ministério Público do Amazonas anunciaram que vão acompanhar as investigações sobre as causas do naufrágio. A apuração está sendo conduzida pela Capitania dos Portos e pela 1ª Delegacia Regional de Manacapuru. Um dos representantes da comissão, o promotor Agnaldo Concy, lamentou a falta de dados precisos sobre o número de passageiros do barco. “Até o momento, o único número de que dispomos é o de vítimas registradas no IML (Instituto Médico-Legal).”
Concy ressaltou que esses dados “são importantíssimos” para ajudar as famílias das vítimas a requererem indenização dos proprietários do barco. Um deles, Francisco Sales, morreu no acidente. Segundo o MPE, os bens de Sales podem ser bloqueados pela Justiça e posteriormente repassados às famílias. Estima-se que 80 a 100 pessoas estivessem na embarcação no momento do acidente.
Em visita oficial ao Amazonas, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os próprios passageiros de embarcações exijam segurança, embora tenha admitido que já viajou em embarcações “com caixa-d’água com peixe, bode, cavalo, com um palmo de água pra entrar, com tudo dentro”. “Mas as pessoas precisam autofiscalizar-se. Ninguém pode jogar sua vida numa embarcação que não tenha as condições adequadas”, afirmou. “Quando um cidadão ganancioso pensa em ganhar dinheiro alugando um barco, colocando mais gente do que deveria colocar, sem a segurança ideal, esse cidadão está cometendo crime contra o povo.”
O Estado de São Paulo Venezuela busca compra de submarinos da Rússia
Roberto Godoy
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, vai assinar essa semana, em Moscou, o contrato inicial de US$ 800 milhões para a compra dos primeiros quatro submarinos, de um provável lote de nove modelos da classe Kilo-2, considerados “muito silenciosos e furtivos”, de acordo com o chefe do estaleiro Rubin, engenheiro Yuri Kormilitsin.
A negociação foi anunciada pelo principal jornal de economia do país, o Kommersant. Chávez está na Rússia para assistir à posse, hoje, do novo presidente, Dmitri Medvedev (leia na pág. 14).
O valor total estimado da operação é de US$ 2,4 bilhão, com o armamento e o recheio eletrônico. A agência russa para venda de equipamentos e sistemas militares, a Rosoboronexport, admitiu as “discussões comerciais”. O Kilo 2-636 é a última geração de uma herança da Guerra Fria. Na prática, é um novo navio de combate. É um modelo médio, que desloca 4.000 toneladas submerso, e veloz, operando na faixa de 25 nós, com autonomia de 13,5 mil km. Não há igual na América Latina - mesmo o novo submarino convencional brasileiro, o francês Scórpene, é menor, com 1.700 toneladas. O armamento é composto por 20 torpedos de 533 mm, 24 minas e 18 mísseis: 16 antiaéreos leves Igla e Strela, para atingir alvos voando baixo, entre 4,2 km e 5,5 km; mais 2 Oniks, de cruzeiro.
Duas das seis câmaras disparadoras dianteiras foram preparadas para receber o torpedo de alto desempenho e médio alcance Shkval-E. Lançado dentro de uma de bolha de ar comprimido, viaja por 13 km levando 210 quilos de explosivos a 400 km/h.
O Globo Amorim: continente rejeita separatismo
Em nome dos vizinhos, chanceler diz que autonomia na Bolívia deve ser negociada com o governo
Eliane Oliveira*
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, após se reunir com o chanceler uruguaio, Gonzalo Fernández, que as nações sul-americanas jamais aceitariam o separatismo na Bolívia, como resultado do referendo realizado no último domingo em Santa Cruz e dos que estão por vir em outros departamentos. A autonomia, defendeu o ministro, deve ser negociada com La Paz.
- Não creio que haja separatismo. Até porque a América do Sul não aceitaria isso - disse Amorim.
Ele frisou que o Brasil não se posicionaria contra o desejo de autonomia, desde que se respeitem os princípios constitucionais e seja da vontade do povo boliviano. Segundo o ministro, é preciso que o estatuto que foi votado em Santa Cruz esteja de acordo com a Constituição em vigor no país.
O ministro defendeu um amplo acordo na Bolívia.
- É perfeitamente possível restabelecer o diálogo com a ajuda da Igreja, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos países amigos - disse Amorim, referindo-se ao Grupo de Amigos da Bolívia, formado por Brasil, Argentina e Colômbia. - O que temos que fazer é trabalhar de maneira coordenada, para irmos todos no mesmo sentido. Neste momento, temos de encontrar uma maneira de restabelecer o diálogo e é nisso que estamos empenhados. Mas com discrição, sem impor nada. Não podemos nos esquecer de que, nesse caso, o grupo de amigos foi uma sugestão inicial do próprio governo boliviano.
União Européia mostra sintonia com o Brasil
Indagado se, com a realização do referendo em Santa Cruz, um acordo não teria ficado ainda mais difícil, o chanceler brasileiro respondeu:
- O referendo já passou. Não adianta ficar pensando se é mais fácil ou menos fácil. A Bolívia é um país com o qual temos que trabalhar com as unidades nacionais. Agora, tem que haver diálogo.
Para Amorim, os eventos em Santa Cruz foram muito menos dramáticos do que o imaginado.
A União Européia (UE) também está preocupada com a tensão política, informou ontem a comissária de Relações Exteriores do bloco, Benita Ferrero-Waldner. Numa videoconferência sobre a Cúpula UE/América Latina e Caribe, marcada para este mês em Lima, no Peru, ela manifestou disposição de facilitar a aproximação entre o governo boliviano e as regiões opositoras.
- Fazemos votos para que todos os esforços, seja da Igreja, da Organização dos Estados Americanos e dos enviados do grupo de países amigos, realmente façam algo para fomentar este diálogo e que tenham êxito - disse Ferrero-Waldner, em sintonia com o Brasil.
*COLABOROU Geralda Doca
O Globo Rio reúne caçadores de ciclones
Evento este mês será o primeiro a dedicado a supertempestades no Atlântico Sul
Ana Lucia Azevedo
Ciclones extratropicais como o que deixou milhares de desabrigados e trouxe a primeira neve do ano no Sul do Brasil esta semana não são raros no país, diferentemente do que muita gente pensa. Porém, eles não são previstos com muita segurança em prazos superiores a cinco dias, o que poderia evitar mortes e prejuízos. Mas melhorar a previsão e traçar planos de redução de danos são as metas do Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul, que acontecerá no Rio de 19 a 21 de maio.
O evento será o primeiro a reunir somente especialistas nas chamadas tempestades severas para discutir o Atlântico Sul, muito menos conhecido e monitorado do que o Norte, vigiado por satélites, radares e bóias oceanográficas americanos e europeus. Por tempestade severa entenda-se fenômenos como ciclones, tornados, furacões e todo tipo de tempestade de alto poder destrutivo.
- Reuniremos especialistas do Brasil, de países do Cone Sul, da Austrália e dos Estados Unidos - diz o coordenador do encontro, Isimar de Azevedo Santos, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Um desses especialistas é Manoel Alonso Gan, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. Gan participa de um programa para desenvolver um modelo capaz de prever que um ciclone destrutivo está a caminho, com antecedência de uma semana a dez dias. Ele é o representante do Brasil no programa Thorpex, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Thorpex tem como meta melhorar a previsão de eventos climáticos extremos em todo o mundo e há dois anos criou um comitê para o Hemisfério Sul.
- Prevemos quando um ciclone vai se formar com até quatro dias de antecedência. Mas isso não é suficiente para evitar danos muito extensos. Se um agricultor soubesse com antecipação maior que será atingido por uma geada, poderá antecipar a colheita e reduzir o prejuízo - explica Gan, um estudioso do Catarina, o único furacão registrado no Atlântico Sul e que em março de 2004 atingiu Santa Catarina.
Para isso, é preciso investimento em equipamentos - satélites, bóias oceânicas, radares, sensores em aviões e balões climatológicos, por exemplo. E é necessário aperfeiçoar os modelos matemáticos usados para prever o tempo. Engana-se quem imagina que caçar tempestades é trabalho de fiscal da natureza. Olhos eletrônicos de satélites, sensores e radares fazem esse serviço. Meteorologistas e climatologistas lidam com números. Desenvolvem e analisam modelos que transformam em números os fenômenos climáticos. E a matemática do clima ainda se enrola nas contas quando se trata de prever fenômenos como os ciclones, nos quais uma série quase infindável de elementos, como detalhes de vento, oceanos e atmosfera, estão envolvidos.
- No Brasil há poucos radares, fundamentais para prever fenômenos extremos. E devemos refinar nossos modelos, para que antecipem a formação de um ciclone, contando com dados preliminares - diz Gan.
Santos observa que num cenário de aquecimento global, em que o painel climático da ONU prevê o aumento da intensidade e da freqüência de supertempestades, esse tipo de previsão salvará vidas.
- Esse conhecimento é importante para planejamento urbano, navegação, atividades portuárias, prospecção de petróleo e turismo, por exemplo - diz Santos, coordenador do projeto "Estudo de Ciclones no Atlântico Sul e Impactos na Costa do Estado do Rio de Janeiro (Ciclones), apoiado pela Finep.
sábado, 3 de maio de 2008
Embarcações devem seguir regras
João Campos
Assim como o tráfego terrestre e aéreo, o trânsito aquaviário tem regras para manter a segurança de embarcações e tripulantes. Respeitar os limites de velocidade e fazer uso dos equipamentos de segurança e de sinalização evitam tragédias. A fiscalização das atividades nos 111km do Lago Paranoá é dividida entre a Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA) e a Marinha. Ambas seguem a Normam 3, conjunto de regras elaboradas pela Diretoria de Portos e Costas para navegantes amadores de esporte ou recreio.
A frota náutica do DF, que inclui as de Goiás, é a terceira maior do Brasil. Só perde para a do Rio de Janeiro e a de Santos (SP). São 40 mil embarcações: 20 mil em Brasília. Em 2007, foram registrados três acidentes no Paranoá. A média é de 60 ocorrências por mês. A maioria está relacionada com o consumo de álcool e falta da documentação obrigatória.
A CPMA cuida do patrulhamento ordinário, como a autuação de condutores embriagados. A fiscalização da Marinha é administrativa. Os militares checam as permissões para dirigir veículos aquáticos e o cumprimento das normas de segurança. “Trabalhamos em conjunto 24 horas. Também combatemos os crimes ambientais”, explica o major Alexandre Alves, comandante da CPMA.
O Lago Paranoá, considerado por especialistas um ótimo ponto para navegação e lazer pela sua extensão e profundidade média de 10m, se enquadra na categoria Navegação Interior 1 da Norman 3: “tais como hidrovias interiores, lagos, lagoas, baías, rios e áreas marítimas onde, normalmente, não há dificuldades ao tráfego das embarcações”. “É uma pista em bom estado de conservação, mas, além de ter a embarcação registrada e ser devidamente habilitado junto à Capitania dos Portos, é preciso ter coletes salva-vidas e bóias de salvamento nas embarcações de médio porte”, detalha o delegado fluvial de Brasília, o comandante Jorge Silva Filho,
No caso da navegação noturna, ele ressalta a obrigatoriedade do uso de luzes nas laterais e na popa (parte traseira) da embarcação. “Há uma série de outros itens, mas esses são os cruciais para um navegação com segurança”, observa Silva Filho. Para ele, a lancha envolvida no acidente de quinta-feira estava em acordo com as exigências legais: iluminação, equipamentos de segurança e documentação em dia. “Ainda não se sabe as causa do choque, mas é provável que tenha sido a falta de iluminação do barco de pesca. Atravessar o lago sem luz durante a noite é como atravessar o Eixão de olhos vendados”, compara o militar.
Kit de segurança
Empresário do setor de embarcações e náutico há mais de 40 anos, Ari Lopes Cunha defende o uso de medidas simples para evitar acidentes como o ocorrido há dois dias. “Um kit com um mastro e uma luz 360º — com visibilidade de 3,5km de alcance — resolveria a situação. A grande maioria dos pesqueiros não apresentam nenhuma iluminação, o que é um risco permanente durante a noite”, explica. Segundo Ari, o mastro com a lâmpada e uma bateria elétrica para geração de energia custam, em média, R$ 200.
Correio Braziliense BRASÍLIA – DF
Perigo no céu
Chama atenção o número de acidentes com aeronaves de pequeno porte ocorridos do início do ano até 24 de abril. Na chamada aviação geral, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica registrou 38 ocorrências, número recorde para o período.
Correio Braziliense CONEXÃO DIPLOMÁTIMA
Negócios à parte
Como é comum no Oriente Médio, diferenças e queixumes saem de campo na hora de falar em negócios. É o que mostra a assinatura do acordo comercial entre o Estado judaico e o Mercosul, para o qual o Itamaraty funcionou como pivô. Israel e Brasil têm trocado regularmente visitas em nível ministerial, e ainda no mês passado começaram a sair do papel acordos recém-assinados para cooperação acadêmica, técnica e científica. Um grupo de especialistas brasileiros está a caminho para trocar experiências em assuntos de manejo e reaproveitamento de água, matéria na qual eles esbanjam excelência. (Nós esbanjamos a água propriamente dita...) Também são exploradas oportunidades de negócios no campo militar, em contatos com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).
Folha de São Paulo Pentágono lança ofensiva na internet
Sem revelar patrocínio claramente, Defesa dos EUA mantém sites noticiosos no exterior para promover seus interesses
PETER EISLER
O Departamento da Defesa dos EUA está criando uma rede de sites de notícias em línguas estrangeiras e contratando jornalistas locais para escrever sobre os acontecimentos correntes e produzir outras formas de conteúdo que promovam seus interesses e contrabalancem a mensagem de extremistas. Os sites noticiosos foram inspirados em iniciativa semelhante desenvolvida no passado visando os Bálcãs e o norte da África e são parte de uma ação do Pentágono para expandir as "operações de informações" na internet.
A iniciativa não foi revelada publicamente. No caso do iraquiano Mawtani.com, no ar desde outubro, só um link no pé da página revela o patrocínio do Pentágono. À primeira vista, parece um site convencional. Grupos de defesa da liberdade de imprensa dizem que os sites são enganosos e podem facilmente ser confundidos com noticiários independentes.
"O que eles estão tentando é controlar a mensagem, contornando a mídia e apresentando a versão deles diretamente aos usuários; é uma responsabilidade séria informar as pessoas qual é a fonte dessas notícias", diz Amy Mitchell, diretora-assistente do Projeto de Excelência em Jornalismo.
Funcionários do Pentágono dizem que os sites são uma forma legítima e necessária de promover os objetivos políticos dos EUA e rebater as mensagens dos extremistas religiosos e políticos. Eles afirmam ainda que os EUA e seus aliados têm sido superados na batalha por levar informações a audiências do Iraque e outros países.
"É importante conquistar a atenção dessas audiências estrangeiras e informá-las", disse Michael Vickers, secretário-assistente de Defesa para operações especiais e esforços de estabilização.
"Nossos adversários usam a internet em benefício próprio, de modo que temos a responsabilidade de rebater suas mensagens com informações precisas e verossímeis."
América Latina
O Comando Sul das Forças Armadas norte-americanas está criando um site semelhante ao mawtani.com para as audiências latino-americanas. O Comando do Pacífico, que cobre a região asiática, também está interessado em estabelecer um site noticioso, segundo um porta-voz da Marinha.
Em memorando distribuído em meados de 2007, o secretário-assistente da Defesa Gordon England informou todos os comandantes regionais de que o desenvolvimento de sites como esses era "parte essencial da responsabilidade ao formular um ambiente de segurança em suas respectivas áreas".
O conteúdo dos sites noticiosos é redigido por jornalistas locais contratados para escrever reportagens que se enquadrem aos objetivos do Pentágono. Militares ou empresas terceirizadas revisam as matérias para garantir que sejam compatíveis com esses objetivos. Os repórteres só são pagos por trabalhos postados nos sites.
Os sites noticiosos se seguem ao lançamento no ano passado, pelo Pentágono, de uma "iniciativa transregional", com o objetivo de criar "um mínimo de seis" sites noticiosos dirigidos pelos comandos militares dos EUA, segundo notificação do Comando de Operações Especiais a empresas interessadas em operar esses sites.
"Os jovens nas ruas gostam da internet, e essa é a maneira pela qual eles se comunicam, sabem do que acontece no mundo, se mantêm informados. E eles escolhem com cuidado as fontes de notícias que usam", disse o coronel Jerry O'Hara, do Exército. "Temos de estar envolvidos nisso a fim de garantir comunicação efetiva."
"Isso é deliberadamente enganoso e debilita a imagem do jornalismo como observador objetivo", rebate Marvin Kalb, pesquisador do Centro Joan Sorensen de Imprensa, Política e Questões Públicas na Universidade Harvard. Ele aponta que boa parte da audiência que o Pentágono visa atingir vive em regiões do mundo onde as pessoas esperam que as notícias sejam controladas pelo governo. "Somos a exceção, e, infelizmente, tornamo-nos cada vez mais parecidos com o resto do mundo quando agimos assim".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Folha de São Paulo Clinton diz que Brasil tem responsabilidade e honra de preservar a Amazônia
DANIEL BERGAMASCO
Presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001, Bill Clinton declarou ontem em palestra em Nova York que a floresta amazônica dá ao Brasil, ao mesmo tempo, a "mais dura" responsabilidade sobre o futuro climático do planeta e o "privilégio" de poder assumir o desafio de preservá-la.
Diante da platéia de empresários, políticos e artistas brasileiros, Clinton disse: "Desejo que estivesse aqui ouvindo, e não falando. Porque não há país no mundo que faça mais esforços para encontrar um caminho para desenvolvimento sustentável para salvar o mundo do aquecimento global do que o Brasil (...) Sinto que vocês têm um grande problema [desmatamento], mas têm também uma sorte grande de ter a Amazônia. É uma honra ter a responsabilidade de preservá-la."
A palestra foi parte do 2º Fórum de Desenvolvimento Sustentável, organizado pela ONG Anubra (Associação das Nações Unidas Brasil), do empresário Mário Garnero, da Brasilinvest.
O ex-presidente americano mencionou o fato do álcool de cana-de-açúcar, cuja produção predomina no Brasil, ser mais eficiente que o de milho, comum nos EUA. Contudo, disse ele, é preciso zelar para que a plantação do produto não gere desmatamento.
Em discurso anterior, no mesmo fórum, Paula Dobriansky, Secretária-Adjunta de Estado para Democracia e Relações Globais, cobrou os países emergentes sobre a redução de emissão de gás carbônico. "Não adianta nada só os Estados Unidos cortarem", afirmou ela.
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Na Antártica/Dia da Vitória
Gilberto Amaral
Na Antártica
Na próxima semana as duas Casas do Parlamento estarão envolvidas em atividades dedicadas ao continente Antártico. O objetivo é trazer mais informações sobre as pesquisas realizadas pelo Brasil na Antártica, que vêm auxiliando no entendimento dos diversos fenômenos climatológicos e vinculados à fauna e flora do Brasil. A programação inclui exposição, seminários, exibição de filme e uma Sessão Solene.
Dia da Vitória
O Dia da Vitória, para os mais jovens, vitória dos aliados contra o nazismo na 2ª Grande Guerra Mundial, dia 8, será revivido no Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro. Com a presença do ministro da Defesa Nelson Jobim, do vice-presidente José Alencar e dos comandantes militares, várias personalidades serão condecoradas com a Comenda da Vitória. Os brasileiros fizeram bonito e demonstraram bravura nos combates, principalmente em Monte Castelo.
O Dia Exército de prontidão
De plantão nas matas do Leme para impedir ataques ao Forte Duque de Caxias, militares fazem alerta à polícia para não ser confundidos com traficantes no caso de tiroteio durante a noite
Paula Sarapu
Rio - Para evitar que traficantes refugiados na mata dos morros Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme, se aproximem do Forte Duque de Caxias, sentinelas do Exército estão em posições estratégicas desde o início da semana. Policiais do 19º BPM (Copacabana) e do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) chegaram a ser alertados, por telefone, para ter cuidado nas operações e não “confundir” os militares do Corpo de Guarda com bandidos que têm feito da mata campo de batalha desde o dia 21.
O subcomandante do Centro de Estudos de Pessoal do Exército, que funciona dentro do forte, coronel Nilson Rodrigues, disse que “a área militar é sempre reforçada quando há conflitos de gangues”, mas que não há riscos à segurança da base. A área militar na Rua Coelho Cintra, onde ficam as casas de militares sobre o túnel que liga Botafogo a Copacabana, também está em alerta. A polícia afirma que os bandidos invasores chegam e fogem das comunidades por lá.
Há dois dias, os moradores do Leme não escutam tiroteios. O Serviço Reservado do 19º BPM tem informações de que o bando invasor, ligado a José Ricardo Ribeiro Rosa, o Cagado, teria deixado o Morro da Babilônia, tomado dos rivais há cerca de 15 dias. PMs do Gpae continuam ocupando as duas favelas e o bairro está com policiamento reforçado.
Os intensos confrontos têm alterado a rotina dos moradores. Um casal que mora no fim da Rua General Ribeiro da Costa contou que, para chegar em casa, prefere seguir pela Rua Gustavo Sampaio e entrar pela contramão da Rua Anchieta. Tudo isso para não passar em frente à Ladeira Ary Barroso, um dos acessos às favelas.
Já a professora Luciana Almagro, 32 anos, evita cortar caminho na volta para casa, quando sai do Shopping Rio Sul. “Por causa da mata, por onde eles entram e saem da favela, a gente decidiu trocar o caminho. Pegamos mais engarrafamento, mas não subimos pela Coelho Cintra”, disse ela, ao lado da sobrinha Júlia, 8, que está fora de casa desde a invasão. “Ela mora na Ladeira e não quer voltar. Está muito impressionada.”
A estratégia dos taxistas é não passar pela Rua Coelho Cintra — antigo ponto de descanso — em alguns horários. “Qualquer movimento na mata, mesmo durante o dia, já chama nossa atenção. Tenho medo que ‘bonde’ pegue nossos táxis para fugir”, contou F., taxista há 15 anos.
O Estado de São Paulo Pequim constrói base naval nuclear, diz revista
AFP
A China está construindo secretamente uma grande base naval nuclear na ilha de Hanan, no sul do país, revelou ontem a revista britânica de defesa ‘Jane’s’. Em sua última edição, a revista afirma ter conseguido confirmar a existência da base com a análise de fotografias de satélite tiradas pelo DigitalGlobe.
“Pequim parece construir uma importante base naval subterrânea que poderia significar o fortalecimento de suas capacidades estratégicas”, afirma a publicação. Para a revista, o governo chinês quer reforçar o controle sobre a região e defender o acesso a vias marítimas vitais.
O Globo Buscas a piloto de helicóptero recomeçam hoje
Co-piloto é sepultado no Rio. Mau tempo atrapalha o resgate
Dicler Filho
Bombeiros do 26º Grupamento, de Paraty, e mergulhadores do Grupamento de Buscas e Salvamento, do Rio, com auxílio de uma equipe da Capitania dos Portos, realizaram ontem, pelo terceiro dia consecutivo, buscas na tentativa para localizar o piloto Manoel Afonso de Souza Pereira, de 59 anos. A equipe de resgate encontrou pequenos pedaços da fuselagem da aeronave. As buscas terminaram no início da noite, mas serão retomadas na manhã de hoje.
O piloto desapareceu após o helicóptero prefixo PR-IPO, da empresa Cosan, cair no mar na quarta-feira, na Praia de Laranjeiras, próximo a Trindade, a 500 metros da costa de Paraty. O acidente aconteceu quando o helicóptero retornava para São Paulo.
A assessoria de imprensa da Cosan não informou o número exato de passageiros que saíram de São Paulo, na quarta-feira, e foram deixados pela aeronave em um condomínio de luxo na Praia das Laranjeiras. Eles embarcaram na capital paulista.
O corpo do co-piloto Carlos Eduardo Jesus Azevedo, de 58 anos, foi sepultado ontem no Cemitério do Caju, no Rio. Ele foi resgatado na noite de quarta-feira, logo após o acidente.
Segundo a Cosan, os dois pilotos eram cariocas e moravam em São Paulo.
Os destroços da aeronave não foram encontrados pela equipe de resgate. A estimativa é de que o helicóptero poderá ajudar na identificação das causas do acidente, que aconteceu a 500 metros da costa.
As buscas foram reforçadas com um aparelho conhecido como Cyberscan, que possibilita uma varredura no mar, onde a equipe trabalha, ou seja, na Praia de Laranjeiras. Seis barcos são utilizados nas buscas. Os trabalhos de resgate foram prejudicados pelo mau tempo.
O Globo Disputa atrasa criação de novas linhas de barcas
Pouco mais de um ano depois do anúncio da abertura de novas licitações de transporte aquaviário para a linha de aerobarcos Niterói-Praça Quinze e para a linha de barcas São Gonçalo-Rio, muito pouco foi feito. Em abril do ano passado, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, anunciou a concorrência depois de uma série de acidentes envolvendo as embarcações das duas empresas responsáveis pelo transporte hidroviário: Barcas S/A e Transtur. O motivo de tanto atraso, de acordo com a Secretaria estadual de Transportes, seria uma disputa judicial com as duas empresas, que não querem perder o direito de explorar as linhas.
O Globo OBITUÁRIO
Deputado Ricardo Izar, aos 71 anos
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP), de 71 anos, se destacou durante a crise do mensalão, em 2005. Ele foi reeleito presidente do Conselho de Ética em março passado, quando derrotou o petista José Eduardo Cardozo (SP). A eleição de Izar foi considerada uma derrota para o PT, que trabalhava para ter à frente do colegiado um nome mais afinado com o partido e com o governo.
Izar começou carreira política em 1964, como vereador em São Paulo, pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). Depois, foi eleito deputado estadual para três mandatos e, em 1988, assumiu a Câmara em Brasília, filiado ao antigo PFL, hoje DEM. Nos sucessivos mandatos, passou pelo PPB do ex-governador Paulo Maluf antes de ingressar no PTB.
Durante a Constituinte, teve 147 propostas aprovadas, o maior número individual de emendas incorporadas ao texto constitucional. Formado em direito, era pós-graduado em direito penal pela PUC-SP, onde foi presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto.
Ricardo Izar morreu às 16h de ontem, em São Paulo. Ele estava internado desde o fim de março na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital do Coração, onde foi submetido, no dia 2 de abril, a uma cirurgia para correção de aneurisma na aorta. De acordo com boletim médico, Izar morreu por falência de múltiplos órgãos, em decorrência de complicações no processo de pós-operatório de cirurgia de dissecção de aorta.
Parlamentares que integram o Conselho de Ética da Câmara lamentaram a morte de Izar. O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) contou que visitou o colega no início da tarde de anteontem, e que o petebista começava a voltar à consciência após longo período sedado:
- Era um grande amigo, bom presidente, homem sério, competente. Eu lastimo muito a falta de Ricardo Izar.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB), o mais jovem do Conselho de Ética, com 29 anos, disse que Izar, que estava no sexto mandato, era uma referência para os parlamentares iniciantes:
- O trabalho no conselho era um referencial, para mim, pela forma com que ele conduzia. É uma perda para o Congresso, que já tem uma carência muito grande. Ele buscou a verdade, independentemente de estar agradando a determinado parlamentar.
O velório do deputado começou ontem à noite, na Assembléia Legislativa de São Paulo, e o sepultamento está previsto para a tarde de hoje, no Cemitério do Araçá, no Centro da cidade. Casado com Marisa Izar, o deputado deixa dois filhos e uma neta.
João Campos
Assim como o tráfego terrestre e aéreo, o trânsito aquaviário tem regras para manter a segurança de embarcações e tripulantes. Respeitar os limites de velocidade e fazer uso dos equipamentos de segurança e de sinalização evitam tragédias. A fiscalização das atividades nos 111km do Lago Paranoá é dividida entre a Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA) e a Marinha. Ambas seguem a Normam 3, conjunto de regras elaboradas pela Diretoria de Portos e Costas para navegantes amadores de esporte ou recreio.
A frota náutica do DF, que inclui as de Goiás, é a terceira maior do Brasil. Só perde para a do Rio de Janeiro e a de Santos (SP). São 40 mil embarcações: 20 mil em Brasília. Em 2007, foram registrados três acidentes no Paranoá. A média é de 60 ocorrências por mês. A maioria está relacionada com o consumo de álcool e falta da documentação obrigatória.
A CPMA cuida do patrulhamento ordinário, como a autuação de condutores embriagados. A fiscalização da Marinha é administrativa. Os militares checam as permissões para dirigir veículos aquáticos e o cumprimento das normas de segurança. “Trabalhamos em conjunto 24 horas. Também combatemos os crimes ambientais”, explica o major Alexandre Alves, comandante da CPMA.
O Lago Paranoá, considerado por especialistas um ótimo ponto para navegação e lazer pela sua extensão e profundidade média de 10m, se enquadra na categoria Navegação Interior 1 da Norman 3: “tais como hidrovias interiores, lagos, lagoas, baías, rios e áreas marítimas onde, normalmente, não há dificuldades ao tráfego das embarcações”. “É uma pista em bom estado de conservação, mas, além de ter a embarcação registrada e ser devidamente habilitado junto à Capitania dos Portos, é preciso ter coletes salva-vidas e bóias de salvamento nas embarcações de médio porte”, detalha o delegado fluvial de Brasília, o comandante Jorge Silva Filho,
No caso da navegação noturna, ele ressalta a obrigatoriedade do uso de luzes nas laterais e na popa (parte traseira) da embarcação. “Há uma série de outros itens, mas esses são os cruciais para um navegação com segurança”, observa Silva Filho. Para ele, a lancha envolvida no acidente de quinta-feira estava em acordo com as exigências legais: iluminação, equipamentos de segurança e documentação em dia. “Ainda não se sabe as causa do choque, mas é provável que tenha sido a falta de iluminação do barco de pesca. Atravessar o lago sem luz durante a noite é como atravessar o Eixão de olhos vendados”, compara o militar.
Kit de segurança
Empresário do setor de embarcações e náutico há mais de 40 anos, Ari Lopes Cunha defende o uso de medidas simples para evitar acidentes como o ocorrido há dois dias. “Um kit com um mastro e uma luz 360º — com visibilidade de 3,5km de alcance — resolveria a situação. A grande maioria dos pesqueiros não apresentam nenhuma iluminação, o que é um risco permanente durante a noite”, explica. Segundo Ari, o mastro com a lâmpada e uma bateria elétrica para geração de energia custam, em média, R$ 200.
Correio Braziliense BRASÍLIA – DF
Perigo no céu
Chama atenção o número de acidentes com aeronaves de pequeno porte ocorridos do início do ano até 24 de abril. Na chamada aviação geral, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica registrou 38 ocorrências, número recorde para o período.
Correio Braziliense CONEXÃO DIPLOMÁTIMA
Negócios à parte
Como é comum no Oriente Médio, diferenças e queixumes saem de campo na hora de falar em negócios. É o que mostra a assinatura do acordo comercial entre o Estado judaico e o Mercosul, para o qual o Itamaraty funcionou como pivô. Israel e Brasil têm trocado regularmente visitas em nível ministerial, e ainda no mês passado começaram a sair do papel acordos recém-assinados para cooperação acadêmica, técnica e científica. Um grupo de especialistas brasileiros está a caminho para trocar experiências em assuntos de manejo e reaproveitamento de água, matéria na qual eles esbanjam excelência. (Nós esbanjamos a água propriamente dita...) Também são exploradas oportunidades de negócios no campo militar, em contatos com os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).
Folha de São Paulo Pentágono lança ofensiva na internet
Sem revelar patrocínio claramente, Defesa dos EUA mantém sites noticiosos no exterior para promover seus interesses
PETER EISLER
O Departamento da Defesa dos EUA está criando uma rede de sites de notícias em línguas estrangeiras e contratando jornalistas locais para escrever sobre os acontecimentos correntes e produzir outras formas de conteúdo que promovam seus interesses e contrabalancem a mensagem de extremistas. Os sites noticiosos foram inspirados em iniciativa semelhante desenvolvida no passado visando os Bálcãs e o norte da África e são parte de uma ação do Pentágono para expandir as "operações de informações" na internet.
A iniciativa não foi revelada publicamente. No caso do iraquiano Mawtani.com, no ar desde outubro, só um link no pé da página revela o patrocínio do Pentágono. À primeira vista, parece um site convencional. Grupos de defesa da liberdade de imprensa dizem que os sites são enganosos e podem facilmente ser confundidos com noticiários independentes.
"O que eles estão tentando é controlar a mensagem, contornando a mídia e apresentando a versão deles diretamente aos usuários; é uma responsabilidade séria informar as pessoas qual é a fonte dessas notícias", diz Amy Mitchell, diretora-assistente do Projeto de Excelência em Jornalismo.
Funcionários do Pentágono dizem que os sites são uma forma legítima e necessária de promover os objetivos políticos dos EUA e rebater as mensagens dos extremistas religiosos e políticos. Eles afirmam ainda que os EUA e seus aliados têm sido superados na batalha por levar informações a audiências do Iraque e outros países.
"É importante conquistar a atenção dessas audiências estrangeiras e informá-las", disse Michael Vickers, secretário-assistente de Defesa para operações especiais e esforços de estabilização.
"Nossos adversários usam a internet em benefício próprio, de modo que temos a responsabilidade de rebater suas mensagens com informações precisas e verossímeis."
América Latina
O Comando Sul das Forças Armadas norte-americanas está criando um site semelhante ao mawtani.com para as audiências latino-americanas. O Comando do Pacífico, que cobre a região asiática, também está interessado em estabelecer um site noticioso, segundo um porta-voz da Marinha.
Em memorando distribuído em meados de 2007, o secretário-assistente da Defesa Gordon England informou todos os comandantes regionais de que o desenvolvimento de sites como esses era "parte essencial da responsabilidade ao formular um ambiente de segurança em suas respectivas áreas".
O conteúdo dos sites noticiosos é redigido por jornalistas locais contratados para escrever reportagens que se enquadrem aos objetivos do Pentágono. Militares ou empresas terceirizadas revisam as matérias para garantir que sejam compatíveis com esses objetivos. Os repórteres só são pagos por trabalhos postados nos sites.
Os sites noticiosos se seguem ao lançamento no ano passado, pelo Pentágono, de uma "iniciativa transregional", com o objetivo de criar "um mínimo de seis" sites noticiosos dirigidos pelos comandos militares dos EUA, segundo notificação do Comando de Operações Especiais a empresas interessadas em operar esses sites.
"Os jovens nas ruas gostam da internet, e essa é a maneira pela qual eles se comunicam, sabem do que acontece no mundo, se mantêm informados. E eles escolhem com cuidado as fontes de notícias que usam", disse o coronel Jerry O'Hara, do Exército. "Temos de estar envolvidos nisso a fim de garantir comunicação efetiva."
"Isso é deliberadamente enganoso e debilita a imagem do jornalismo como observador objetivo", rebate Marvin Kalb, pesquisador do Centro Joan Sorensen de Imprensa, Política e Questões Públicas na Universidade Harvard. Ele aponta que boa parte da audiência que o Pentágono visa atingir vive em regiões do mundo onde as pessoas esperam que as notícias sejam controladas pelo governo. "Somos a exceção, e, infelizmente, tornamo-nos cada vez mais parecidos com o resto do mundo quando agimos assim".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Folha de São Paulo Clinton diz que Brasil tem responsabilidade e honra de preservar a Amazônia
DANIEL BERGAMASCO
Presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001, Bill Clinton declarou ontem em palestra em Nova York que a floresta amazônica dá ao Brasil, ao mesmo tempo, a "mais dura" responsabilidade sobre o futuro climático do planeta e o "privilégio" de poder assumir o desafio de preservá-la.
Diante da platéia de empresários, políticos e artistas brasileiros, Clinton disse: "Desejo que estivesse aqui ouvindo, e não falando. Porque não há país no mundo que faça mais esforços para encontrar um caminho para desenvolvimento sustentável para salvar o mundo do aquecimento global do que o Brasil (...) Sinto que vocês têm um grande problema [desmatamento], mas têm também uma sorte grande de ter a Amazônia. É uma honra ter a responsabilidade de preservá-la."
A palestra foi parte do 2º Fórum de Desenvolvimento Sustentável, organizado pela ONG Anubra (Associação das Nações Unidas Brasil), do empresário Mário Garnero, da Brasilinvest.
O ex-presidente americano mencionou o fato do álcool de cana-de-açúcar, cuja produção predomina no Brasil, ser mais eficiente que o de milho, comum nos EUA. Contudo, disse ele, é preciso zelar para que a plantação do produto não gere desmatamento.
Em discurso anterior, no mesmo fórum, Paula Dobriansky, Secretária-Adjunta de Estado para Democracia e Relações Globais, cobrou os países emergentes sobre a redução de emissão de gás carbônico. "Não adianta nada só os Estados Unidos cortarem", afirmou ela.
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Na Antártica/Dia da Vitória
Gilberto Amaral
Na Antártica
Na próxima semana as duas Casas do Parlamento estarão envolvidas em atividades dedicadas ao continente Antártico. O objetivo é trazer mais informações sobre as pesquisas realizadas pelo Brasil na Antártica, que vêm auxiliando no entendimento dos diversos fenômenos climatológicos e vinculados à fauna e flora do Brasil. A programação inclui exposição, seminários, exibição de filme e uma Sessão Solene.
Dia da Vitória
O Dia da Vitória, para os mais jovens, vitória dos aliados contra o nazismo na 2ª Grande Guerra Mundial, dia 8, será revivido no Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro. Com a presença do ministro da Defesa Nelson Jobim, do vice-presidente José Alencar e dos comandantes militares, várias personalidades serão condecoradas com a Comenda da Vitória. Os brasileiros fizeram bonito e demonstraram bravura nos combates, principalmente em Monte Castelo.
O Dia Exército de prontidão
De plantão nas matas do Leme para impedir ataques ao Forte Duque de Caxias, militares fazem alerta à polícia para não ser confundidos com traficantes no caso de tiroteio durante a noite
Paula Sarapu
Rio - Para evitar que traficantes refugiados na mata dos morros Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme, se aproximem do Forte Duque de Caxias, sentinelas do Exército estão em posições estratégicas desde o início da semana. Policiais do 19º BPM (Copacabana) e do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) chegaram a ser alertados, por telefone, para ter cuidado nas operações e não “confundir” os militares do Corpo de Guarda com bandidos que têm feito da mata campo de batalha desde o dia 21.
O subcomandante do Centro de Estudos de Pessoal do Exército, que funciona dentro do forte, coronel Nilson Rodrigues, disse que “a área militar é sempre reforçada quando há conflitos de gangues”, mas que não há riscos à segurança da base. A área militar na Rua Coelho Cintra, onde ficam as casas de militares sobre o túnel que liga Botafogo a Copacabana, também está em alerta. A polícia afirma que os bandidos invasores chegam e fogem das comunidades por lá.
Há dois dias, os moradores do Leme não escutam tiroteios. O Serviço Reservado do 19º BPM tem informações de que o bando invasor, ligado a José Ricardo Ribeiro Rosa, o Cagado, teria deixado o Morro da Babilônia, tomado dos rivais há cerca de 15 dias. PMs do Gpae continuam ocupando as duas favelas e o bairro está com policiamento reforçado.
Os intensos confrontos têm alterado a rotina dos moradores. Um casal que mora no fim da Rua General Ribeiro da Costa contou que, para chegar em casa, prefere seguir pela Rua Gustavo Sampaio e entrar pela contramão da Rua Anchieta. Tudo isso para não passar em frente à Ladeira Ary Barroso, um dos acessos às favelas.
Já a professora Luciana Almagro, 32 anos, evita cortar caminho na volta para casa, quando sai do Shopping Rio Sul. “Por causa da mata, por onde eles entram e saem da favela, a gente decidiu trocar o caminho. Pegamos mais engarrafamento, mas não subimos pela Coelho Cintra”, disse ela, ao lado da sobrinha Júlia, 8, que está fora de casa desde a invasão. “Ela mora na Ladeira e não quer voltar. Está muito impressionada.”
A estratégia dos taxistas é não passar pela Rua Coelho Cintra — antigo ponto de descanso — em alguns horários. “Qualquer movimento na mata, mesmo durante o dia, já chama nossa atenção. Tenho medo que ‘bonde’ pegue nossos táxis para fugir”, contou F., taxista há 15 anos.
O Estado de São Paulo Pequim constrói base naval nuclear, diz revista
AFP
A China está construindo secretamente uma grande base naval nuclear na ilha de Hanan, no sul do país, revelou ontem a revista britânica de defesa ‘Jane’s’. Em sua última edição, a revista afirma ter conseguido confirmar a existência da base com a análise de fotografias de satélite tiradas pelo DigitalGlobe.
“Pequim parece construir uma importante base naval subterrânea que poderia significar o fortalecimento de suas capacidades estratégicas”, afirma a publicação. Para a revista, o governo chinês quer reforçar o controle sobre a região e defender o acesso a vias marítimas vitais.
O Globo Buscas a piloto de helicóptero recomeçam hoje
Co-piloto é sepultado no Rio. Mau tempo atrapalha o resgate
Dicler Filho
Bombeiros do 26º Grupamento, de Paraty, e mergulhadores do Grupamento de Buscas e Salvamento, do Rio, com auxílio de uma equipe da Capitania dos Portos, realizaram ontem, pelo terceiro dia consecutivo, buscas na tentativa para localizar o piloto Manoel Afonso de Souza Pereira, de 59 anos. A equipe de resgate encontrou pequenos pedaços da fuselagem da aeronave. As buscas terminaram no início da noite, mas serão retomadas na manhã de hoje.
O piloto desapareceu após o helicóptero prefixo PR-IPO, da empresa Cosan, cair no mar na quarta-feira, na Praia de Laranjeiras, próximo a Trindade, a 500 metros da costa de Paraty. O acidente aconteceu quando o helicóptero retornava para São Paulo.
A assessoria de imprensa da Cosan não informou o número exato de passageiros que saíram de São Paulo, na quarta-feira, e foram deixados pela aeronave em um condomínio de luxo na Praia das Laranjeiras. Eles embarcaram na capital paulista.
O corpo do co-piloto Carlos Eduardo Jesus Azevedo, de 58 anos, foi sepultado ontem no Cemitério do Caju, no Rio. Ele foi resgatado na noite de quarta-feira, logo após o acidente.
Segundo a Cosan, os dois pilotos eram cariocas e moravam em São Paulo.
Os destroços da aeronave não foram encontrados pela equipe de resgate. A estimativa é de que o helicóptero poderá ajudar na identificação das causas do acidente, que aconteceu a 500 metros da costa.
As buscas foram reforçadas com um aparelho conhecido como Cyberscan, que possibilita uma varredura no mar, onde a equipe trabalha, ou seja, na Praia de Laranjeiras. Seis barcos são utilizados nas buscas. Os trabalhos de resgate foram prejudicados pelo mau tempo.
O Globo Disputa atrasa criação de novas linhas de barcas
Pouco mais de um ano depois do anúncio da abertura de novas licitações de transporte aquaviário para a linha de aerobarcos Niterói-Praça Quinze e para a linha de barcas São Gonçalo-Rio, muito pouco foi feito. Em abril do ano passado, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, anunciou a concorrência depois de uma série de acidentes envolvendo as embarcações das duas empresas responsáveis pelo transporte hidroviário: Barcas S/A e Transtur. O motivo de tanto atraso, de acordo com a Secretaria estadual de Transportes, seria uma disputa judicial com as duas empresas, que não querem perder o direito de explorar as linhas.
O Globo OBITUÁRIO
Deputado Ricardo Izar, aos 71 anos
Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP), de 71 anos, se destacou durante a crise do mensalão, em 2005. Ele foi reeleito presidente do Conselho de Ética em março passado, quando derrotou o petista José Eduardo Cardozo (SP). A eleição de Izar foi considerada uma derrota para o PT, que trabalhava para ter à frente do colegiado um nome mais afinado com o partido e com o governo.
Izar começou carreira política em 1964, como vereador em São Paulo, pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). Depois, foi eleito deputado estadual para três mandatos e, em 1988, assumiu a Câmara em Brasília, filiado ao antigo PFL, hoje DEM. Nos sucessivos mandatos, passou pelo PPB do ex-governador Paulo Maluf antes de ingressar no PTB.
Durante a Constituinte, teve 147 propostas aprovadas, o maior número individual de emendas incorporadas ao texto constitucional. Formado em direito, era pós-graduado em direito penal pela PUC-SP, onde foi presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto.
Ricardo Izar morreu às 16h de ontem, em São Paulo. Ele estava internado desde o fim de março na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital do Coração, onde foi submetido, no dia 2 de abril, a uma cirurgia para correção de aneurisma na aorta. De acordo com boletim médico, Izar morreu por falência de múltiplos órgãos, em decorrência de complicações no processo de pós-operatório de cirurgia de dissecção de aorta.
Parlamentares que integram o Conselho de Ética da Câmara lamentaram a morte de Izar. O deputado José Carlos Araújo (PR-BA) contou que visitou o colega no início da tarde de anteontem, e que o petebista começava a voltar à consciência após longo período sedado:
- Era um grande amigo, bom presidente, homem sério, competente. Eu lastimo muito a falta de Ricardo Izar.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB), o mais jovem do Conselho de Ética, com 29 anos, disse que Izar, que estava no sexto mandato, era uma referência para os parlamentares iniciantes:
- O trabalho no conselho era um referencial, para mim, pela forma com que ele conduzia. É uma perda para o Congresso, que já tem uma carência muito grande. Ele buscou a verdade, independentemente de estar agradando a determinado parlamentar.
O velório do deputado começou ontem à noite, na Assembléia Legislativa de São Paulo, e o sepultamento está previsto para a tarde de hoje, no Cemitério do Araçá, no Centro da cidade. Casado com Marisa Izar, o deputado deixa dois filhos e uma neta.
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